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AS CONSTITUIÇÕES RELACIONAIS ENTRE INTERMEDIÁRIOS E JOGADORES DE FUTEBOL PROFISSIONAL
Walter Reyes Boehl, Mauro Castro Ignácio, Guilherme de Oliveira Gonçalves

Última alteração: 2021-12-02

Resumo


INTRODUÇÃO
Os intermediários de futebol, popularmente conhecidos como intermediários do futebol ou agentes esportivos, têm como funções, além de mediar as relações de trabalho entre jogadores e clubes de futebol, cuidar da carreira esportiva de futebolistas, encaminhá-los para clubes, encontrar e/ou contatar atletas para suprir carências de clubes, negociar contratos de imagens e de patrocínios, entre outros (BOEHL, 2016).
A presente investigação tem como interesse compreender como as redes de relacionamento entre intermediários de futebol e futebolistas profissionais vão se constituindo a partir dos interesses dos intermediários dentro de circuitos profissionais nos estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina.

METODOLOGIA
Adotou-se como método de investigação a pesquisa qualitativa, com delineamento exploratório, o qual permitiu a interpretação dos resultados. A seleção da amostra fora não probabilística, de modo intencional, por conveniência. Participaram deste estudo, 04 intermediários de futebol, homens com idades entre 36 e 42 anos, cadastrados junto a Confederação Brasileira de Futebol (CBF), no qual eram representantes de jogadores de futebol, sendo que todos atuavam no cenário gaúcho e/ou catarinense. Para produção empírica, conforme os pressupostos da análise de conteúdo (BARDIN, 1999), foram realizadas entrevistas semiestruturadas, as quais foram gravadas em instrumentos digitais, após transcritas e submetidas ao procedimento de análise.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
Emergiram das entrevistas 136 unidades de registro, sendo alocadas em três categorias, que foram, por conseguinte, compostas por subcategorias. As categorias foram organizadas em Estabelecimentos, Sustentações e Encerramentos. Em relação à categoria Estabelecimentos, considerou-se que as vinculações iniciam-se, por parte dos intermediários, a partir da análise dos potenciais dos jogadores, sendo assim, os contatos iniciais com os jogadores surgem do interesse dos intermediários em representar o jogador. Contudo, outra via se apresentou possível, em que parte da iniciativa dos jogadores o contato com os intermediários. Ou seja, o atleta busca o início da parceria.
Na categoria Sustentação, fora evidenciado que os relacionamentos mantêm-se estruturado por meio de contratos expressos em que as partes obrigam-se a cumprir o que fora acordado e registrado em documento, sob pena de punição através da Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF, para qualquer uma das partes.
Já, na categoria Encerramento, compõe o término da relação entre os intermediários e os jogadores. Nessa categoria, fora encontrado três motivos principais para o destrato. Primeiro, podendo ser pelo descumprimento de cláusulas contratuais, por uma ou ambas as partes. Segundo, pelo término da validade do documento em que inexisti interesse de prosseguimento, por meio de prorrogação ou renovação. Terceiro, pela venda da procuração, expediente em que outro empresário, mediante pagamento a título de indenização, "compra" de outro empresário o direito de exercer a representação e assumir as funções concernentes à carreira do jogador. Porém, essa última, só ocorre quando há o consentimento do atleta.
Conforme os entrevistados, os desejos nas constituições relacionais entre intermediários e futebolistas encontram a sua razão nos interesses econômicos que a parceria pode gerar. Em que, sem essa simbiose, as chances de ganhos financeiros diminuiriam e as dos empresários seriam nulas.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao final, entende-se que as relações entre empresários e futebolistas nos circuitos profissionais do Rio Grande do Sul e Santa Catarina são estruturadas por três processos: Estabelecimentos, Sustentações e Encerramento, nos quais é fundamentalmente o interesse financeiro. Em que pese o tamanho da pesquisa se restrinja aos territórios gaúcho e catarinense, sendo os empresários agentes plurais que atuam nos mais diversos circuitos profissionais no Brasil e no exterior, acredita-se que os resultados encontrados possam, de certa maneira, ser extrapolado para outros espaços.

Referências


BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa: Edições 70, 1999.

BOEHL, W. R. Intermediários de futebol: as relações com os jogadores de base (menores de 16 anos). 2018, 88 f.. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação) - Faculdade de Educação Física, Fisioterapia e Dança, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2018.

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