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PERSPECTIVAS E RELAÇÕES ENTRE A EDUCAÇÃO FÍSICA E A SUPERVISÃO ESCOLAR
Marcela do Nascimento Colvara, Jônatas da Costa Brasil de Borba, Elisandro Schultz Wittizorecki

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


PALAVRAS-CHAVES: supervisão escolar; micropolítica escolar; cultura docente.

INTRODUÇÃO
Esse trabalho retrata experiências construídas por uma professora ingressando em uma escola municipal de Guaíba/RS, cenário que se tornou a primeira experiência como docente efetiva. Entendendo que por vezes há divergências entre o que se espera e planeja em relação à prática pedagógica e a realidade encontrada, procurei auxílio pedagógico da supervisão escolar para me aproximar das particularidades do contexto e sujeitos, como estratégia para compor futuras aulas. Dessa forma, este texto objetiva problematizar as relações docentes de Educação Física (EF) e a supervisão escolar, considerando as relações construídas na micropolítica escolar.
A organização da micropolítica escolar afeta as relações construídas entre os sujeitos de forma individual ou coletiva, no esforço de produzirem estratégias para alcançar seus interesses, surgindo assim alguns elementos como alianças, conflitos, poder e interesse (BALL, 1989). E considerando a função da supervisão escolar de estimular reflexões e melhorias nas práticas docentes dos professores e construir uma parceria educativa entre pessoas e práticas. (SOUZA et al., 2017), as relações construídas com a supervisão podem resultar em influências e implicações, tanto na prática pedagógica como no desenvolvimento do trabalho docente. Pensando nisso, as relações entre os professores de EF e a supervisão escolar podem reforçar ou modificar as percepções sobre a Educação Física?
Em minhas aproximações com a supervisão, compreendi que sua representação de EF era vinculada a uma lógica simplificada em gestos motores. Minha pretensão era propor e materializar um outro entendimento de Educação Física escolar, incluindo elementos importantes além do caráter motor. Desejava também refletir sobre os propósitos das aulas, fomentar a prática como ferramenta e estímulo à reflexão, deslocando a representação do fazer por fazer e do caráter eminentemente prático a uma práxis significativa. Levando em consideração este movimento, nos pusemos a interrogar como a supervisão escolar compreende um componente tão singular a partir de uma outra formação e visão pedagógica, ao considerarmos a EF enquanto componente curricular com características específicas, mobilizada como ferramenta importante para as práticas corporais de movimento.
O lugar decisivo da supervisão escolar no desfecho das propostas de ensino-aprendizagem e na micropolítica escolar pode influenciar o fazer dos professores e assim as relações podem resultar em implicações positivas ou negativas na execução de um trabalho coletivo (BORBA & WITTIZORECKI, 2021). Tais implicações se originam das lentes com que a supervisão interpreta a EF escolar, assim como seus acordos e concessões baseados nas possíveis relações, influenciam a percepção sobre o componente escolar, reforçando ou modificando sua compreensão da EF. Se a cultura docente trata das manifestações singulares e características do professorado de um determinado componente (MOLINA NETO, 1998), seria possível as relações estabelecidas com a supervisão estarem atreladas às compreensões de um componente, neste caso a Educação Física escolar?
CONSIDERAÇÕES POSSÍVEIS
Os movimentos da micropolítica escolar podem intervir nas dinâmicas de relações construídas dentro do espaço escolar. Com isso, as relações estabelecidas com a supervisão escolar podem influenciar nas práticas pedagógicas dos professores, além de ampliar a compreensão sobre o nosso componente, colaborando assim para uma possível (re)construção docente. Acreditamos que um componente curricular com uma perspectiva pautada na relação pedagógica através da corporeidade e suas práticas corporais, em um espaço escolar onde o corpo e suas ações estão sendo vigiados e controlados, necessita de novas relações com a supervisão escolar para desfrutar de toda a sua potencialidade no auxílio e trabalho coletivo.

Referências


REFERÊNCIAS
BALL, S. La micropolítica de la escuela: hacía una teoría de la organización escolar. Barcelona: Paidós, 1989.
BORBA, J; WITTIZORECKI, E. Diálogos entre a interdisciplinaridade e a micropolítica. In: FONSECA, D. et al. Trabalho docente em Educação Física: questões contemporâneas. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2021, p. 133-144.
MOLINA NETO, V. Cultura docente: uma aproximação conceitual para entender o que fazem os professores nas escolas. In: Perfil. Porto Alegre, 2, n. 2, p. 66 - 74, 1998.
SOUZA, M. B. et al. Desafios da supervisão escolar: o papel do supervisor escolar no planejamento participativo escolar. CONJECTURA: filosofia e educação, Caxias do Sul, v. 22, n. 3, p. 482-499, 2017.

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