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PRÁTICAS DE LAZER EM CONTEXTO DE DISTANCIAMENTO SOCIAL NO RIO GRANDE DO NORTE
Matheus Dantas de Lucena, Priscilla Pinto Costa da Silva

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Práticas de lazer; Interesses culturais; Distanciamento social.

INTRODUÇÃO
A pandemia da COVID-19 representa um desafio para a sociedade, considerando as medidas de prevenção e contenção da doença, impactos econômicos, políticos e sociais (GUINANCIO et al., 2020). O lazer apresenta-se como um fenômeno impactado, visto que locais tradicionais de vivências do lazer, como praças, quadras, cinemas, bares, teatros, praias, foram proibidos ou restritos, resultando em uma vida mais doméstica.
Objetivou-se identificar e analisar as práticas no contexto do lazer em período de distanciamento social, além de caracteriza-las de acordo com os interesses culturais apresentados por Dumazedier (2000) e o interesse virtual apresentado por Schwartz (2003).

METODOLOGIA
O presente estudo caracteriza-se como uma pesquisa descritiva de abordagem quantitativa e qualitativa. A pesquisa contou com 172 participantes, sendo estes atores sociais maiores de 18 anos de idade, que vivenciaram, no Rio Grande do Norte (RN), práticas no contexto do lazer durante o distanciamento social. Para coleta de dados, utilizou-se um questionário online pela plataforma Google Forms.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A pesquisa foi baseada na seguinte questão: “Quais foram as suas principais práticas de lazer durante o distanciamento social de março de 2020 até o presente momento?”. Permitindo assinalar até 26 alternativas e adicionar mais na opção “OUTROS”.
As atividades envolvendo internet (82%), filmes e/ou séries (69,80%), música (63,40%), leitura (55,80%) e jogos online (51,20%), tiveram maior predominância. Logo em seguida, apareceram televisão (37,80%), caminhada (30,80%), culinária (30,20%), musculação (27,30), encontros com família e/ou amigos (23,30%), esportes coletivos e/ou individuais (20,30%), praias (18,60%), dança (16,30%), jogos de cartas e/ou tabuleiros (13,40%), jardinagem (8,70%), bares e/ou restaurantes (7,60%), shoppings (4,70%), praças e/ou parques (4,70%), atividades de aventura (4,10%), costura (4,10%) e outros (2,30%).
Nas práticas predominantes, o interesse de maior destaque é o virtual. Percebe-se que o distanciamento social resultou em uma ‘residencialização’ e ‘virtualização’ do lazer vivenciado pelos participantes. As atividades de interesse físico-esportivo mais vivenciadas foram caminhada e musculação. Durante esse período, muitas pessoas optaram pela caminhada como exercício físico, pois é possível realizar ao ar livre e de forma individual. A musculação foi realizada em casa ou academias, como os espaços privados não estiveram fechadas durante todo esse período, uma parte optou pelas academias. A culinária foi a atividade de interesse manual mais procurada durante a pandemia, muito deve-se ao fato de ser uma prática caseira e a facilidade de ter acesso a uma variedade de receitas na internet. Os encontros com família e/ou amigos diminuíram bastante durante o distanciamento, justamente pelo nível de sociabilidade destas atividades. Os esportes coletivos e/ou individuais, normalmente teriam um percentual alto, principalmente por causa do futebol e a popularização dos campos de futebol society em Natal-RN, cidade de 67,44% dos participantes. Considerando somente os esportes individuais, a corrida e o ciclismo foram duas atividades adotadas, que assim como a caminhada, são práticas ao ar livre. Como Natal-RN é uma cidade litorânea, as praias são os locais mais procurados como alternativa de lazer, mas com as restrições, houve uma queda considerável.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante disso, compreende-se que o distanciamento social alterou notavelmente os hábitos de lazer dos participantes nesse período. Práticas de interesse social, físico-esportivo e artístico, tiveram uma grande redução, enquanto as atividades de interesse virtual foram potencializadas. Quanto as práticas manuais e intelectuais, duas específicas foram recorrentes, a culinária e a leitura. O estudo apresenta como limitação a faixa-etária dos participantes, onde 78,69% estão entre 18 e 26 anos, justificável pelo grande número de universitários participantes.

Referências


DUMAZEDIER, J. Lazer e cultura popular - Debates, São Paulo. 3ed. Perspectiva. ISBN 85-273-0219-5, 2000.
GUINANCIO, J; SOUSA, J.G.M. DE; CARVALHO, B.L, DE; SOUZA, A.B.T DE; FRANCO, A. de A.; FLORIANO, A. de A.; RIBEIRO, W. A COVID - 19: Desafios do cotidiano e abordagem de enfrentamento frente ao isolamento social. (2020). Research, Society and Development, v. 9, n 8, p. 1-17, e259985474.
SCHWARTZ, G. M. O conteúdo virtual do lazer: Contemporizando Dumazedier. (2003) LICERE - Revista Do Programa De Pós-graduação Interdisciplinar Em Estudos Do Lazer, 6(2), 23-31.

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