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BALANÇO DE GÊNERO NAS CONFEDERAÇÕES OLÍMPICAS BRASILEIRAS: UM ESTUDO EXPLORATÓRIO
Maria Paula Louzada Mion, Gabriela Borel Delarmelina, Juliana Gomes Rodrigues Colona, Mariana Zuaneti Martins

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


INTRODUÇÃO
Atualmente, existem evidências de uma correlação significativamente positiva entre o fomento de políticas que visam a igualdade de gênero dentro do esporte e o satisfatório desempenho atlético de mulheres em competições internacionais (LEEDS, LEEDS, 2012; HOFFMANN et al., 2006). Ao reconhecer o fenômeno esportivo como um espaço de empoderamento feminino, políticas públicas e planos direcionados ao desenvolvimento do esporte de mulheres têm indicado a importância da inclusão e participação de mulheres nas tomadas de decisões de instituições que regem o esporte, como na Nova Zelândia e nos Estados Unidos da América. No caso brasileiro, o movimento de criação de comitês para o esporte feminino dentro das confederações esportivas tem sido responsável pela reivindicação e garantia de direitos para as mulheres. Além dos comitês gerenciados e vinculados às confederações - como o caso do Comitê Feminino da CBF e da CBAt - há, também, outros criados por atletas e ex-atletas federados, como o caso do Comitê Feminino da Natação Brasileira (CFNB). Mais recentemente, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB), criou um cargo dedicado ao esporte feminino, além de ter provocado mudanças na organização de competições para mulheres que agora representam 49% da delegação olímpica brasileira (CASTRO, 2021). Entretanto, apesar da recente ação do COB, são poucas as confederações que têm, atualmente, departamentos ou políticas voltadas para o desenvolvimento do esporte de mulheres. Nesse sentido, esse trabalho tem por objetivo descrever o balanço de gênero nas confederações olímpicas brasileiras, em termos de existências de competições, gestoras, treinadoras, atletas de excelência e planos específicos para a modalidade.

METODOLOGIA
Para tanto, levantamos nos sites oficiais das 35 confederações brasileiras de modalidades esportivas olímpicas os dados sobre as competições adultas e de base de 2019, a existência de mulheres na gestão e nas comissões técnicas olímpicas, de 2021, a participação atual de mulheres na comissão de atletas e nos jogos olímpicos de 2016 e da juventude, de 2019. Por fim, buscamos a existência de planos ou coordenações específicas para desenvolvimento do esporte feminino. Com esse levantamento, transformamos estes dados em indicativos mensuráveis e, com base, construímos um banco de dados, o qual analisamos por meio de estatística descritiva.

RESULTADOS
Nossos resultados indicam que em cerca de 65% das confederações, existem as mesmas competições Adultas femininas em relação às masculinas em 2019. Em relação às competições de base, há igualdade em cerca de 40% das confederações. Cabe destacar, que em 20% das confederações, não conseguimos obter um dado consistente. Do ponto de vista da participação de mulheres nos cargos de liderança, existe a presença delas em cerca de 57% das confederações, entretanto, elas ocupam apenas 18% dos cargos disponíveis. Os cargos ocupados, em geral, são de secretaria ou administrativos. No entanto, quando se refere à participação de mulheres na comissão técnica da seleção brasileira adulta, apenas 8% das confederações apresentam alguma mulher presente. O espaço onde há menor desproporcionalidade na participação é na comissão de atletas, já que em todas as confederações que possuem membros nomeados, há mulheres. Entretanto, elas representam somente 36% do total de membros. Ainda, não há balanço de gênero entre atletas homens e mulheres dessas confederações. Isso se traduz na estrita preocupação com o desenvolvimento do esporte feminino. Apenas 25% das confederações possuem algum tipo de plano de fomento da modalidade. No que tange a participação olímpica, as mulheres representam 44% da delegação brasileira na Rio 2016. A presença delas nas Olimpíadas da Juventude é ainda menor, somando 39% dos atletas competidores.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esses dados reafirmam cenários de desproporcionalidade em termos de gênero nos esforços, na participação e na gestão das confederações olímpicas brasileiras. Nesse sentido, seria interessante a existência de programas de equidade, sobretudo, nas posições de liderança, nas quais há poucos ou não há mulheres, as quais a literatura tem apontado como importante ferramenta para a constituição do balanço de gênero no esporte.

Referências


CASTRO, Daniel E. de. COB cria área voltada ao esporte feminino sob comando de Isabel Swan, medalhista em 2008. In: Folha de S. Paulo. São Paulo, 16 jun. 2021

HOFFMANN, Robert et al. International women's football and gender inequality. Applied Economics Letters, v. 13, n. 15, p. 999-1001, 2006.

LEEDS, Eva Marikova; LEEDS, Michael A. Gold, silver, and bronze: Determining national success in men’s and women’s Summer Olympic events. Jahrbücher für Nationalökonomie und Statistik, v. 232, n. 3, p. 279-292, 2012.

LOWEN, Aaron; DEANER, Robert O.; SCHMITT, Erika. Guys and gals going for gold: The role of women’s empowerment in Olympic success. Journal of Sports Economics, v. 17, n. 3, p. 260-285, 2016.

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