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COMPOSIÇÃO COREOGRÁFICA EM GINÁSTICA PARA TODOS: UMA EXPERIÊNCIA AMAZÔNICA
Lionela da Silva Corrêa, Evandro Jorge Souza Ribeiro Cabo Verde, Artemis de Araújo Soares, Michele Viviene Carbinatto

Última alteração: 2021-08-31

Resumo


INTRODUÇÃO
A Amazônia é ocupada por uma diversidade de grupos étnicos e populações tradicionais (índios, caboclos, ribeirinhos, pescadores, extrativistas, seringueiros, quilombolas etc.). O homem amazônico é resultado dos intercâmbios históricos entre diferentes povos e etnias, concebidos a partir dos diversos processos de colonização e miscigenação por qual a região passou. Este fenômeno assegura uma herança que se revela nas diferentes manifestações socioculturais, expressas pelo sujeito nas relações de trabalho, educação, religião, lendas, hábitos alimentares e familiares, nas festas populares, dentre outros (LIRA; CHAVES, 2016). Neste trabalho iremos relatar a experiência de composição coreográfica em ginástica para todos (GPT) com um grupo universitário que trabalha com temáticas amazônicas.

METODOLOGIA
Participaram do processo 19 pessoas, destas 14 mulheres e 5 homens. A coleta de dados foi realizada a partir da composição de uma coreografia de baseada no Festival de Parintins, que foi tomado como referência por ser, dentre os festivais amazônicos, o mais conhecido entre os participantes.
Utilizamos a observação participante por permitir o contato direto do pesquisador com o fenômeno observado, oportunizando obter-se informações sobre a realidade dos atores sociais em suas próprias vivências. Nesse processo, o pesquisador, ao mesmo tempo pode modificar e ser modificado pelo contexto, captando uma variedade de situações que não podem ser alcançadas somente por relatos de entrevistas ou questionários (MINAYO et al, 2002). As observações aconteceram nos dias de encontros/ensaios do grupo de GPT, na qual foram registrados em diários de campo

RESULTADOS
O trabalho sobre as temáticas amazônicas iniciou com a análise de alguns vídeos dos bois Garantido e Caprichoso, mais especificamente das tribos coreografadas, para apontar elementos da GPT nas performances. Após esta etapa, foi dada a tarefas aos participantes de buscaram materiais da floresta para compor uma coreografia amazônica. Os participantes coletaram galhos, folhas, plantas, flores etc. Ao final, foram realizadas coreografias utilizando esses materiais.
Como foi percebido que o grupo ainda apresentava dificuldade para relacionar elementos culturais com os da ginástica, foi decidido que os professores iniciariam a composição para que o grupo pudesse dar continuidade. A coreografia começou apresentando um contexto de vida diária dos indígenas, representando à caça e a pesca, fez alusões as flautas e aos grandes círculos sagrados presentes nos rituais. E apesar de ter muitos elementos de ginástica como movimentos invertidos, saltos com giro e lançamentos alguns participantes não conseguiam percebê-los.
A pouca experiência com ginástica e a pouca vivência cultual amazonense dificultou essa percepção gímnica dentro dos elementos culturais. Faltava-lhes consciência do ginasticar e do ser amazônida, que foi construída e percebida ao longo da construção da coreografia.
Após este início de coreografia encabeçado pelos professores, os trechos seguintes da composição começaram a surgir de ideias daqueles que até então estavam apenas sendo receptores, e assim, durante os ensaios dividia-se em pequenos grupos para criarem os movimentos. Percebendo que o grupo já possuía autonomia para elaboração coreográfica, como forma de incentivar isso, os professores buscavam ouvir todas as ideias e aproveitá-las, como destaca o professor: “Estamos dando continuidade a coreografia de GPT de forma bem democrática, visto que utilizamos quatro tempos de oito sendo elaborados por todos”.
Para encerrar a coreografia, um pedido de preservação e valorização da nossa cultura e dos povos indígenas, uma integrante do grupo, no topo da figura de uma maloca (em formato de pirâmide), momento mais esperado pelos próprios integrantes do grupo, balança a bandeira do Brasil ao som de um trecho do hino nacional brasileiro “dos filhos deste solo és mãe gentil, Pátria amada, Brasil”.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Finalizar esta coreografia não foi fácil. Além do desafio de entrelaçar os elementos gímnicos com os culturais amazonenses, tivemos o desafio de lidar com uma nova prática, a GPT e sua filosofia, seus 4 F’s, a construção em grupo, o ser democrático.
Nessa perspectiva, destacamos a coletividade que gera a unicidade, e que foi o ponto chave para o nascimento de um corpo amazônico, onde todos são importantes, cada sujeito configura um membro desse corpo, no qual sua ausência faz falta.

Referências


LIRA, T. M.; CHAVES, M. P. S. R. Comunidades ribeirinhas na Amazônia: organização sociocultural e política. Interações (Campo Grande), v. 17, n. 1, p. 66-76, 2016.

MINAYO, M. C. S. et al. Pesquisa social: teoria, método e criatividade. 21 ed. Petrópolis: Vozes, 2002.

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