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DESEMPENHO TÉCNICO DE ATLETAS DO SEXO FEMININO EM PARTIDAS AMISTOSAS DE RUGBY SEVENS
Camila Borges Müller, Amanda Franco da Silva, Eraldo dos Santos Pinheiro

Última alteração: 2021-08-22

Resumo


INTRODUÇÃO
O Rugby Sevens (R7s) é uma modalidade coletiva que envolve habilidades físicas, táticas e técnicas, em partidas com 2 períodos de 7 minutos compostas por equipes de 7 atletas em campo, e que requerem esforços intermitentes de alta intensidade (HENDERSON et al., 2018). O desempenho técnico individual (DTI) no R7s é primordial para criar oportunidades para avançar no espaço através de quebras de linhas de defesa, e busca e retenção da posse de bola (HIGHAM et al., 2014; ROSS et al., 2015).
Embora o R7s seja uma modalidade olímpica e em crescimento no mundo, ações técnicas durante a partida são pouco investigadas. Ainda, quando se observa no contexto do rugby feminino, os estudos científicos são mais escassos. Portanto, o objetivo deste estudo foi apresentar o DTI de atletas do sexo feminino em partidas amistosas de R7s.

MÉTODOS
A amostra foi composta por 31 atletas profissionais de R7s (idade = 25,74 ±5,25 anos de idade; estatura = 1,65 ±0,06 m; massa corporal = 63,64 ±10,43 kg). As atletas eram do mesmo clube e possuíam uma rotina de treinamento de 5 sessões semanais de até 90 min. Os procedimentos éticos foram realizados e o projeto deste estudo foi aprovado pelo comitê de ética local (parecer #4.658.874).
O estudo analisou 37 partidas de R7s durante 28 semanas, sendo determinadas as seguintes variáveis para análise de DTI: passes totais e efetivos (PT e PE), tackles totais e efetivos (TT e TE), duelos totais e efetivos (DT e DE), rucks totais e efetivos (RT e RE), ações totais, positivas e negativas (AT, AP e AN). As atletas foram randomizadas para realização das partidas, gravadas por um drone de alta qualidade para análise de DT posterior. Um avaliador experiente realizou as análises de vídeo, e obteve uma alta confiabilidade intra-avaliador (coeficiente de correlação intraclasse >0,99). As ações foram acumuladas quanto à frequência nas partidas realizadas, e registrada pelo número de ações relativas por jogo.
Os dados descritivos foram apresentados por média e desvio padrão, a magnitude da diferença entre variáveis totais e efetivas foi observada pelo tamanho do efeito (TE) através do d de Cohen. A interpretação foi considerada trivial (0-0,19), pequeno (0,2-0,59), moderado (0,6-1,19), grande (1,2-1,9), ou muito grande (2,0-3,9) (HOPKINS, 2002).

RESULTADOS
As atletas realizaram 21,65 ±11,27 partidas, e apresentaram o seguinte DTI por jogo: PT= 3,92 ±1,83; PE= 2,90 ±1,39; TT= 2,98 ±0,82; TE= 2,08 ±0,82; DT= 2,41 ±1,02; DE= 2,15 ±1,02; RT= 1,05 ±0,50; RE= 0,87 ±0,43; AT= 18,29 ±3,91; AP= 13,76 ±3,05; NA= 4,29 ±1,12.
Quanto ao TE, a magnitude entre PT e PE foi -0,56, indicando uma diferença pequena entre as médias de passes totais e passes efetivos realizados por jogo. No tackle, o TE observado foi de -1,10, considerada como moderada magnitude entre ações totais e efetivas. No duelo, foi observado d= -0,25, indicando pequena magnitude entre ações totais e efetivas. Da mesma forma, o ruck apresentou d= -0,36, indicando TE pequeno entre ações totais e efetivas. Por fim, considerando o acúmulo de ações técnicas do jogo, o TE entre as médias de ações totais e positivas apresentaram magnitude moderada com d= -1,16.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este estudo buscou traçar o perfil de DTI de atletas brasileiras de R7s. Observou-se que as ações técnicas passe, tackle, duelo e ruck apresentam pequeno ou moderado tamanho de efeito entre médias de ações totais e efetivas. Estes resultados indicam características do DTI de atletas brasileiras de R7s, que podem auxiliar treinadores e clubes como referência para determinação do perfil técnico da sua equipe. Ainda, sugere-se futuros estudos investiguem o DTI em partidas oficiais, além de identificar fatores que contribuem para o desempenho da equipe.

Referências


HENDERSON, M.J.; HARRIES, S.; POULOS, N.; FRANSEN, J.; COUTTS, A.J. Rugby sevens match demands and measurement of performance: a review. Kinesiology, v.50, n.1, p. 49-59, janeiro 2018.
HIGHAM, G.D.; HOPKINS, G.W.; PYNE, B.D.; ANSON, M.J. Patterns of play associated with success in international rugby sevens. International Journal of Performance Analysis in Sport, Sidney, v.14, n.1, p.111-122, abril 2014.
HOPKINS, WG. A scale of magnitudes for effect statistics. A New View Stat, junho 2002. Disponível em: http://www.sportsci.org/resource/stats/effectmag.html. Acesso em: 15 jun. 2021.
ROSS, A.; GILL, N.; CRONIN, J.; MALCATA, R. Defensive and attacking performance indicators in rugby sevens. International Journal of Performance Analysis in Sport, Auckland, v.6, n.2, p.569-580, agosto 2016.

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