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REGRA DO GOL QUALIFICADO E SUA INFLUÊNCIA NA POSSE DE BOLA E GOLS MARCADOS NA COPA DO BRASIL DE FUTEBOL
Bruno Feijó Burkle, Samuel Silva Filho, Ricardo Drews

Última alteração: 2021-08-22

Resumo


INTRODUÇÃO
Atualmente tem sido verificado um aumento na preocupação da análise dos fatores que, de fato, contribuem para o sucesso das equipes durante as partidas de futebol. Nesse contexto, a posse de bola tem recebido atenção ao longo da última década, sendo entendida como a capacidade de manter a bola por maior tempo durante uma partida (LAGO, 2007).
A maioria dos estudos investigando a posse de bola no futebol têm analisado seu comportamento em campeonatos internacionais, com ênfase na disputa de seleções (ANDRADE; PADILHA; COSTA, 2012). Uma lacuna existente no estudo desta temática diz respeito a análise da posse de bola em copas de países não localizados no continente Europeu, tais como o Brasil. As diferenças na cultura, modelos de jogo, investimento econômico entre o Brasil e a Europa ainda nos dias de hoje sugerem comportamentos distintos entre os campeonatos nesses dois continentes (FRANCO JÚNIOR, 2013).
Outro aspecto a ser ressaltado refere-se as regras específicas utilizadas nos campeonatos, como a Copa do Brasil. Nesta competição a regra do gol qualificado foi utilizada até 2017, como critério de desempate nas competições “mata-mata” entre equipes empatadas em número de gols. Em outras palavras, se o resultado agregado (soma dos placares dos dois jogos) chegasse a um empate, o primeiro critério de desempate era o time que tivesse marcado mais gols no campo do adversário. Não está claro, no entanto, se a utilização da regra do gol qualificado afeta a posse de bola e, consequentemente, os gols marcados pelas equipes como visitantes e mandantes.
Diante do exposto acima, este estudo teve como objetivo verificar os efeitos da regra do gol qualificado sobre a posse de bola e os gols marcados na condição de mandante e visitante na copa do Brasil de futebol.

MÉTODOS
Foram coletados dados (equipes, a fase da copa, local do jogo, placar, tempo de posse de bola) de quadro edições da Copa do Brasil (n = 48 jogos), separados por primeiro e segundo tempo, que aconteceram entre 2016 e 2019 referentes as fases de quartas e semifinais. A base de dados utilizada para análise foi retirada dos relatórios disponíveis no endereço eletrônico http://www.sofascore.com.
Para verificar possíveis diferenças no tempo de posse de bola e gols marcados nos jogos de ida e volta das fases analisadas, com e sem gol qualificado das equipes mandantes e visitantes, foram realizadas Análises de variância (ANOVA) one-way, separadamente para cada tempo de jogo. Para localizar possíveis diferenças foi utilizado o teste post hoc de Tukey. A organização e análise dos dados foram realizados utilizando o software estatístico SPSS e o nível de significância foi de α = 0,05.

RESULTADOS
No que se refere a posse de bola, a ANOVA revelou efeito significativo somente na análise do primeiro tempo nos jogos de ida, F(2, 44) = 3,49, p = 0,014, sendo que o post hoc de Tukey detectou superioridade no tempo de posse de bola entre as equipes mandantes nos jogos das copas sem a regra do gol qualificado (2018 e 2019) em relação as equipes visitantes (p = 0,047).
Já em relação aos gols marcados, foi verificado efeito na análise do segundo tempo nos jogos de volta, F(3, 44 = 2,844, p = 0,048). O post hoc de Tukey não localizou diferenças específicas, mas ao analisar a média de gols, pode-se visualizar superioridade das equipes mandantes nas copas com a regra do gol qualificado (1,16 por jogo) em relação as equipes mandantes em copas sem a regra do gol qualificado (0,50 por jogo).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados permitem concluir que a regra do gol qualificado afeta, parcialmente, os gols marcados pelas equipes mandantes e visitantes nas fases finais da copa do Brasil. Por sua vez, a não utilização da regra do gol qualificado resultou no aumento da posse de bola da equipe mandante no primeiro tempo dos jogos de ida. A escassez de estudos que analisaram os efeitos do gol qualificado na Copa do Brasil limita um maior aprofundamento da discussão dos resultados. Esse panorama aponta para a necessidade da realização de novos estudos que auxiliem o entendimento e reflexão sobre a regra do gol qualificado, seja na copa do Brasil ou outros campeonatos disputados por times brasileiros como a Copa Libertadores e a Copa Sul-Americana.

REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. et al. Análise da posse de bola da seleção espanhola na Copa do Mundo de futebol FIFA-África do Sul/2010. Revista Mineira de Educação Física, p. 2071-2079, 2012.
FRANCO JÚNIOR, H. Brasil, país do futebol?. Revista USP, n. 99, p. 45-56, 2013.
LAGO, C. Por qué no pueden ganar la liga los equipos modestos? La influencia del formato de competición, Sobre el perfil de los equipos ganadores. European Journal of Human Movement, v. 18, p. 135-151, 2007.

Referências


REFERÊNCIAS
ANDRADE, M. et al. Análise da posse de bola da seleção espanhola na Copa do Mundo de futebol FIFA-África do Sul/2010. Revista Mineira de Educação Física, p. 2071-2079, 2012.
FRANCO JÚNIOR, H. Brasil, país do futebol?. Revista USP, n. 99, p. 45-56, 2013.
LAGO, C. Por qué no pueden ganar la liga los equipos modestos? La influencia del formato de competición, Sobre el perfil de los equipos ganadores. European Journal of Human Movement, v. 18, p. 135-151, 2007.

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