Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XXII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e IX Congresso Internacional de Ciências do Esporte

Tamanho da fonte: 
O ENSINO DO XADREZ NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: UMA REVISÃO DA LITERATURA
Daniella Martelote, Gabriela Conceição de Souza, Thulyo Lutz

Última alteração: 2021-09-10

Resumo


INTRODUÇÃO
Os jogos têm lugar de destaque na Educação Física escolar (EFE), mas os jogos de tabuleiro pouco aparecem como opção curricular. O xadrez é objeto de ensino dos autores deste estudo e do interesse de alunos da educação básica, apesar de pouco aparecer como possiblidade de ensino nas aulas de EFE em documentos curriculares e pesquisas acadêmicas.
Estudos (SILVA, 2009; FRANÇA, 2012) indicam o benefício do ensino do xadrez na escola como potencial desenvolvedor de habilidades e competências. O objetivo deste manuscrito é realizar uma análise bibliográfica em periódicos acerca do ensino do xadrez como possibilidade para a EFE.

MÉTODO
Trata-se de uma revisão de literatura que se identifica como um método eficiente que possui função histórica e de atualização (FIGUEIREDO, 1990). Realizamos buscas na plataforma SCIELO e no repositório Periódico CAPES (Periódicos: Motrivivência, Movimento, Pensar a Prática, Revista Bras. Ed. Física e Esporte).
As palavras chaves utilizadas foram “xadrez” e “educação física”, assim como suas combinações a partir dos operadores booleanos (palavras que informam ao buscador como combinar termos da pesquisa) da seguinte forma: “xadrez” AND “educação física”.
Dos 29 estudos iniciais, 27 foram desconsiderados, já que não foram experimentais e nem desenvolvidos por professores de EFE.

RESULTADOS
No primeiro estudo, Silva (2008) indica que o xadrez tem sido utilizado para estudar a memória, a linguagem e a lógica; desafia a criatividade e abarca a arte com seu alto valor estético, reproduzindo uma situação de guerra num contexto lúdico. Como instrumento educativo, deve transcender o jogo em si impulsionando um processo de ensino criativo, dialógico, afetivo e motivador, em busca da aprendizagem autônoma do aluno.
Percebeu numa investigação em cinco escolas públicas, que a maioria dos professores de EFE ao ensinar o xadrez não reconhece em suas ações pedagógicas as individualidades dos alunos enquanto sujeitos cognitivos, sociais e afetivos, que são autores de seus pensamentos e ações. Na visão dos alunos, havia pouco envolvimento e falta de conhecimentos das possibilidades do jogo, indicando um descaso e a prática pela prática, o jogo pelo jogo. Por outro lado, numa escola identificou uma professora que promovia um sistema de ensino-aprendizagem do xadrez de forma envolvente, sistematizada, intencional e comprometida com a formação humana dos estudantes, baseado em valores, convivência e experiência (SILVA, 2008).
No segundo estudo, Rodrigues (2008) analisou a inserção do xadrez como proposta pedagógica de uma turma do ensino fundamental em busca da ampliação dos temas abordados, encontrando imediatamente resistência dos alunos diante de práticas hegemônicas, como o futebol. Como ações, abordou a história do xadrez, a chegada ao Brasil e a relação com o percurso geográfico, análises geométricas do tabuleiro e da movimentação das peças. Identificou a possibilidade e o desenvolvimento do exercício da imaginação e das emoções, a memorização, o planejamento e a paciência para tomar decisões no contexto do acertar/errar no jogo.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Apesar dos poucos estudos para EFE, as potencialidades do xadrez no projeto pedagógico da EFE, identificadas e defendidas pelos estudos analisados, são corroboradas por outros estudos que apontam os benefícios do xadrez na escola (SILVA, 2009; FRANÇA, 2012).
O xadrez (e os jogos de tabuleiro) não podem ser apenas uma opção de aula para dias chuvosos ou atividade para “variar” as práticas hegemônicas, mas possibilidade de apropriação de um tema cuja interdisciplinaridade também indica alto potencial pedagógico. Uma possibilidade de desdobramento futuro deste estudo é a compreensão de como o ensino do xadrez pode ser associado às nuances do campo da EFE.

Referências


FIGUEIREDO, N. Da importância dos artigos de revisão da literatura. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, São Paulo, v.23, n.1, p.131-135, jan./dez, 1990.

FRANÇA C. S. O xadrez como ferramenta pedagógica para as aulas de Educação Física escolar. Programa de Pós-Graduação em Educ. Física Escolar, Universidade Estadual da Paraíba, PB, 2012.

RODRIGUES, A. O xadrez na Educação Física Escolar. Motrivivência, ano XX, n.31, p. 182-186, dez, 2008.

SILVA, R. R. V. O jogo de xadrez como recurso didático pedagógico nas aulas de Educação Física. Motrivivência, ano XX, n.31, p. 19-35, dez, 2008.

SILVA. R. R. V. Práticas pedagógicas no ensino-aprendizado do jogo de xadrez em escolas. Dissertação (Mestrado em Educação). Faculdade de Educação da Universidade de Brasília - UnB, DF, 2009.

Texto completo: PDF