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CORRELAÇÃO ENTRE COMPETÊNCIAS INTEROCEPTIVAS E A IDADE
Bruna Milene da Silva Mesquita, Lucas Eduardo Rodrigues dos Santos, Tony Meireles dos Santos

Última alteração: 2021-11-12

Resumo


INTRODUÇÃO
A interocepção é definida como a capacidade de percepção dos sinais internos corporais (MURPHY et al., 2017). Estes sinais estão diretamente relacionados com as necessidades homeostáticas do corpo (SCHLEIP; JÄGER; KLINGLER, 2012). Além do aspecto sensorial, os sinais interoceptivos podem influenciar respostas emocionais e percepções subjetivas. Tradicionalmente a interocepção é caracterizada dentro de um modelo tridimensional dividido em acurácia, sensibilidade e consciência (GARFINKEL et al., 2015). A acurácia representa uma medida objetiva e é comumente verificada a partir do processo de detecção e rastreamento dos batimentos cardíacos. Já a sensibilidade, se refere a uma medida subjetiva da confiança de um indivíduo em avaliar sua capacidade de percepção. A consciência, representa uma medida metacognitiva que se refere a razão entre a acurácia e a sensibilidade (GARFINKEL et al., 2015). Os testes de contagem e rastreamento são os mais utilizados para determinar a interocepção. O Heartbeat Tracking Task (HTT), é o mais utilizado na literatura e avalia de forma individualizada as competências interoceptivas a partir de um processo de contagem e percepção dos batimentos cardíacos. Considerando a escassez de dados que comprovem alterações na interocepção em função da idade, sugere-se a investigação destas variáveis com intuito de determinar se existe relação de ganho ou perda na capacidade de perceber tais sensações.

OBJETIVO
Verificar a correlação entre os scores gerados pelo teste HTT e a idade dos participantes.

METODOLOGIA
Participaram do estudo 31 adultos, de ambos os sexos com idade média de 24,5 ± 7,3 anos. Em visita única, os participantes foram submetidos à uma anamnese ao chegar ao laboratório, logo em seguida, os participantes sentados confortavelmente em uma cadeira, utilizando um oxímetro no dedo indicador, e realizaram o teste HTT de contagem dos batimentos. Consistiu em 6 estágios com tempos aleatorizados de duração de 25, 30, 35, 40, 45 e 50 s. Em cada estágio, ao sinal de ‘Start’ e ‘Stop’, participantes deveriam contar e reportar os batimentos e confiança na contagem. A diferença entre os bpm reais e os contados foi computada para determinar a acurácia, conforme recomendações de (GARFINKEL et al., 2015). A sensibilidade foi determinada a partir de uma escala visual analógica, em que a extremidade esquerda representava a menor confiança possível na contagem e a extremidade da direita a maior confiança. A relação entre a acurácia e a sensibilidade foi usada para determinar a consciência interoceptiva. Diante disso, foram realizadas correlações de Pearson entre os scores gerados no teste HTT e a idade dos participantes, sendo representados pelo valor de (r). Valores de p < 0,05 foram considerados significantes. Seguindo as recomendações de (MUKAKA, 2012) a seguinte classificação foi utilizada para os valores de r: 0,0 – 0,30 (Insignificante); 0,30 – 0,50 (Baixa); 0,50 – 0,70 (Moderada); 0,70 – 0,90 (Alta) e 0,90 – 1,0 (Muito Alta). O limiar de 70% foi utilizado para dividir os participantes entre alta e baixa interocepção, de acordo com as recomendações de (GARFINKEL et al., 2015).

RESULTADOS
O teste HTT apontou para uma média alta de acurácia entre os 31 participantes (0,73 ± 0,22), enquanto que para sensibilidade (0,68 ± 0,21) e consciência (0,30 ± 0,48) os valores encontrados sugerem baixa competência. As análises indicaram baixa correlação entre o acurácia interoceptiva e a idade dos participantes (r = 0,42; p = 0,017), contudo os valores apresentaram significância estatística. Já para as variáveis de sensibilidade (r = 0,34; p = 0,06) e consciência (r = -0,16; p = 0,38) não foram encontradas diferenças significativas para os baixos coeficientes de correlação.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Observou-se, que houve relação da acurácia com a idade, indicando que quanto maior idade, maior pode ser a acurácia das pessoas. Sugerindo nos resultados que a capacidade de perceber tais sensações corporais, podem aumentar com a idade.

Referências


GARFINKEL, S. N. et al. Knowing your own heart: distinguishing interoceptive accuracy from interoceptive awareness. Biol Psychol, v. 104, p. 65-74, Jan 2015.
MUKAKA, M. M. Statistics corner: A guide to appropriate use of correlation coefficient in medical research. Malawi Med J. v. 24, n. 3 p. 69-71, Sep 2012.
MURPHY, J. et al. Interoception and psychopathology: A developmental neuroscience perspective. Dev Cogn Neurosci, v. 23, p. 45-56, Feb 2017.
SCHLEIP, R.; JÄGER, H.; KLINGLER, W. What is 'fascia'? A review of different nomenclatures. J Bodyw Mov Ther, v. 16, n. 4, p. 496-502, Oct 2012.

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