Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XXII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e IX Congresso Internacional de Ciências do Esporte

Tamanho da fonte: 
MIGRAÇÃO E ESCOLARIZAÇÃO: O CASO DE UMA UNIVERSIDADE PÚBLICA ESTADUAL MULTICAMPI DA BAHIA
Amália Catharina Santos Cruz, Flavia Ferreira de Andrade, Michael Daian Pacheco Ramos

Última alteração: 2021-12-02

Resumo


INTRODUÇÃO
Esse relato de experiência tem por objetivo discutir a situação de estudantes migrantes, quanto ao acesso/permanência no Curso de Graduação em Educação Física, no caso a UNEB- Universidade do Estado da Bahia, mais precisamente, o DCH IV-Jacobina.
O Curso abarca estudantes em formação inicial de mais de 16 municípios, além de Jacobina, assim como, outras cidades de Estados do Brasil, como São Paulo, Minas Gerais, Pará e Goiás, por exemplo. Temos atualmente, 176 estudantes ativos, sendo a grande maioria migrante, levantamento feito por meio do sistema SAGRES (Colegiado do Curso) junto à Secretaria do Curso, observamos que há 116 estudantes migrantes, enquanto 60 são naturais de Jacobina/BA. Segundo os dados relativos à cor são 82 pretos, 19 brancos, 57 pardos, 17 não declarados e 01 indígena e; ainda são 100 mulheres e 76 homens.
A UNEB conta com 24 Departamentos distribuídos pelo território da Bahia. Vale salientar, que a UNEB, começou com a preocupação de levar o ensino superior para o Estado da Bahia, tem fortalecido e consolidado o tripé que baliza a universidade pública, a saber, ensino-pesquisa-extensão. Assim, pretendemos abordar nesse trabalho a questão do acesso/permanência, entendendo-o como um par dialético e inseparável na questão de entendermos a totalidade das coisas, que aqui diz respeito à migração de estudantes.
Essa pesquisa encontra-se em andamento, sendo a nossa metodologia constituída pelo acesso ao sistema da própria UNEB, o SAGRES, no qual nos fornece os dados dos estudantes. Ou seja, a nossa fonte principal da coleta de dados foi obtida junto ao Colegiado do Curso de Graduação em Educação Física. Observamos também, que temos acadêmicos da cidade e zona e do campo (distritos, povoados e fazendas).
Segundo apontamentos de Vendramini (2018, p.1), “no Brasil, segundo dados do IBGE (2010), no período de 2005 a 2010, foram identificados 5.018.898 migrantes internos. Movimentam-se 30,6 migrantes para cada mil habitantes”. O que significa que, em busca de melhores condições de vida, as pessoas se movimentam, sejam por trabalho, estudos.
Notamos uma alteração da dinâmica da “invisibilidade migrante”, durante a pandemia, porque esta aprofundou a realidade da classe trabalhadora, no trato com a universidade pública. Observamos as condições dos acadêmicos migrantes, principalmente não somente em relação ao acesso, mas, sobretudo à permanência, considerando o que apontam Marx e Engels, em A ideologia alemã:

devemos começar por constatar primeiro pressuposto de toda a existência humana e também, portanto, de toda a história, a saber, o pressuposto de que os homens têm de estar em condições de viver para poder “fazer história” (2007, p 32-33).


Ao falarmos em permanência no período dito normal, ou seja, sem pandemia, não podemos desconsiderar a reprodução social da classe trabalhadora no capitalismo.
Durante o período pandêmico da COVID-19, vimos todas essas situações se agravarem ainda mais. Os nossos recursos reduziram-se aos celulares (e seus Apps- como WhatsApp), notebooks, computadores e uma “boa conexão” da internet, que nem sempre é possível. Temos que garantir o conteúdo, as aulas, os horários, as avaliações e ainda toda a parte burocrática.
O que estamos presenciando é que a permanência dos acadêmicos migrantes está se tornando cada vez mais difícil, pois já há registros no Colegiado do curso de solicitação de trancamento do curso e abandono de disciplinas. E isso, principalmente pela degradação da política de assistência estudantil que contam com parcos.
Assim, apontamos a necessidade de uma discussão mais aprofundada para com comunidade acadêmica, afim, de evitarmos uma precarização ainda maior da formação inicial da classe trabalhadora, que consegue acessar a universidade pública. Acreditamos que a solução para os problemas postos engloba mais e maiores investimentos na política de acesso/permanência estudantil.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir do exposto a situação de estudantes migrantes do Curso de Educação Física da UNEB, identificamos que há: a) uma precarização da formação inicial; b) uma dificuldade de acesso e permanência dos estudantes migrantes; c) falta de investimentos financeiros e equipamentos para a permanência de estudantes migrantes; e d) um alargamento da desigualdade educacional com desistências, abandonos e expulsões dos estudantes migrantes.

Referências


MARX, K; ENGELS. A ideologia alemã. tradução, Rubens Enderle, Nélio Schneider, Luciano Cavini Martorano. - São Paulo: Boitempo, 2007

VENDRAMINI, C. R. A realidade de migrantes trabalhadores na Educação de Jovens e Adultos. Périplos - Revista de Pesquisa sobre Migrações, v. 4, p. 378-395, 2020

Texto completo: PDF