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CONTRADIÇÕES DO ENSINO REMOTO: O CASO DO CURSO DE GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA DA UNEB/DCH IV E A EXPERIÊNCIA EM UMA ESCOLA DA EDUCAÇÃO BÁSICA DA REDE ESTADUAL DE PERNAMBUCO
Amália Catharina Santos Cruz, Gleiciane da Silva Lacerda, MICHAEL DAIAN PACHECO RAMOS

Última alteração: 2021-10-05

Resumo


INTRODUÇÃO
Este trabalho pretende fazer um relato de experiência sobre as contradições apresentadas no ensino remoto no curso de graduação em Educação Física, na UNEB/DCH IV, no município de Jacobina e no ensino remoto e híbrido de uma escola da educação básica da rede estadual do estado de Pernambuco, ambos no sertão nordestino. Assim, abarca a formação inicial e a atuação dos professores de Educação Física.
Primeiramente, ressaltamos que a pandemia da COVID-19 somente escancarou a profunda crise pela qual passa o sistema do capital, como bem assinala Mészáros (2008). Em segundo, como a educação tem sido conduzida durante o período pandêmico.
A princípio levantamos alguns problemas relacionados à formação inicial de professores, tais como a fragmentação da formação, uma vez que os cursos de Licenciatura em Educação Física da UNEB passaram por uma reformulação e a denominação adotada é a Graduação em Educação Física, com uma entrada e dupla saída.
Outro grande problema, diz respeito ao acesso/permanência de acadêmicos nos cursos, uma vez que a UNEB é pioneira na política de inclusão, mas que não tem dados às devidas condições para que a inclusão aconteça de fato. Pessoas com deficiência, comunidade LGBTQIA+, estudantes pobres, negros, mulheres, dentre outras situações, encontram-se sem a devida assistência por parte da universidade pública.
Ressaltamos que a discussão sobre tecnologia nunca se fez tão necessário, pois agora é que alguns afirmam que estamos na era da tecnologia. Contudo, questionamos essa afirmativa, porque compreendemos que a tecnologia nasce do processo intencional da intervenção humana na natureza, produzindo cultura e, portanto, com as devidas mediações, produzindo tecnologia (SILVA, 2014).
Observamos algumas contradições no ensino no curso de graduação em Educação Física, na UNEB/DCH IV, a saber: frágil formação inicial e continuada dos docentes quanto ao uso de tecnologias, equipamentos e softwares educacionais; insuficiência e dificuldades de acesso à internet por parte dos estudantes do referido curso; ausência de monitoramento sobre a realidade vivenciada pelos estudantes no período de ensino remoto; dificuldades de adaptar os sistemas de gestão da universidade com o contexto pandêmico, acarretando situações de tensionamento, dúvidas e angústias dos discentes e docentes, dentre outros.
Se a pandemia acentuou as desigualdades no ensino superior, na educação básica da rede pública percebemos que as dificuldades são mais evidentes. A partir da suspensão das aulas presenciais no estado de Pernambuco em 2020, foram criadas estratégias para manter o ensino e aprendizagem de forma remota, iniciou-se então a utilização de diversas ferramentas digitais: foram criados grupos de WhatsApp das disciplinas e turmas, turmas no google sala de aula, e posteriormente plataformas de aula online.
Todas essas estratégias adotadas pela escola e orientadas pela rede, acabaram privando e excluindo os/as estudantes que não dispõem de recursos para o acesso as tecnologias necessárias, contribuindo para aprofundar ainda mais as desigualdades.
Durante esse período, não houve investimento por parte do governo em nenhum programa de acessibilidade a recursos de tecnologias digitais para os(as) estudantes, ou para os(as) docentes. No que se refere especificamente ao ensino e a aprendizagem da Educação Física nesse contexto, podemos notar que o conhecimento a respeito de seus conteúdos ficou comprometido, tendo em vista que não houve recursos que possibilitassem as experiências e a aprendizagem dos conteúdos que são expressos na cultura corporal.
Esse cenário corrobora com os resultados da pesquisa de Oliveira e Pereira Júnior (2020) em que revela uma acentuada precariedade e intensificação do trabalho docente no contexto da pandemia, agudizando na educação do campo e educação especial.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante do exposto identificamos que a materialização do ensino remoto e híbrido no contexto educacionais citados ocorreu permeada de contradições, que implicaram nas condições objetivas e subjetivas de trabalho e ensino. Sendo assim, consideramos oportuno continuar refletindo sobre as desigualdades educacionais que se tornaram mais acentuadas diante do cenário pandêmico.

Referências


REFERÊNCIAS

MÉZÁROS, I. Educação para além do capital. 2ª ed. São Paulo: Boitempo, 2008.

OLIVEIRA, D. A de; PEREIRA JÚNIOR, E. A. Trabalho docente em tempos de pandemia: mais um retrato da desigualdade educacional brasileira. Retratos da escola. V.14, n. 30, set./dez, 2020. Disponível em: http://retratosdaescola.emnuvens.com.br/rde/issue/view/40. Acesso em 29 de jun. 2021.

SILVA, W. A. Tecnologia, Educação Física e o Ensino do Esporte. Rio de Janeiro: Apris, 2014.

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