Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XXII Congresso Brasileiro de Ciências do Esporte e IX Congresso Internacional de Ciências do Esporte

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CONBRACE E GINÁSTICA: RELACIONAMENTO SÉRIO?
Alessandra Nabeiro Minciotti, Eliana de Toledo

Última alteração: 2021-12-04

Resumo


INTRODUÇÃO
O Congresso Brasileiro de Ciência dos Esportes é o evento nacional do Colégio Brasileiro de Ciência dos Esportes, criado em 1979 e considerado um dos mais importantes eventos na área da Educação Física e Esportes do Brasil.
A Ginástica, como manifestação da cultura corporal e saber constituído historicamente na grande área Educação Física, sempre esteve presente nos estudos apresentados no CONBRACE, seja pelo viés esportivo e/ou treinamento, seja pelo viés pedagógico e/ou educativo, e/ou ainda pelo viés histórico ou sociológico.
Assim o presente estudo tem como objetivo, levantar as produções científicas do CONBRACE relacionadas à Ginástica, bem como, quais tipos de Ginástica foram as mais abordadas nas 21ª edições do evento.
METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica, constituída a partir da análise de todos os Anais do evento disponíveis no site oficial do CBCE, cujo universo foi constituído das 21 edições do evento, e cuja amostra se constituiu de 16 Anais, dado que cinco deles não estavam disponíveis no site do CBCE (1991, 1993, 2001, 2003 e 2007).
A busca foi realizada no período de abril a maio de 2021, a partir da palavra-chave “Ginástica” nos títulos das produções. Foram identificados 142 trabalhos, e a partir da reunião de todos eles, foi possível chegar a uma classificação, constituída a partir do estabelecimento de categorias à priori, relacionadas aos tipos de Ginástica.
RESULTADOS
Identificou-se 56 produções com as manifestações gímnicas que compõem o quadro da Federação Internacional de Ginástica, distribuídas da seguinte maneira: Ginástica para Todos (18), Ginástica Artística (17), Ginástica Rítmica (14), Ginástica Aeróbica (4), Ginástica Acrobática (3), sem menção específica à Ginástica de Trampolim e ao Parkour. Além destas, foram identificadas mais quatro categorias: Ginástica de Academia (27), Ginástica Escolar (14) e Ginástica Laboral (13). E com o maior número de incidência, trabalhos que abordavam a Ginástica (32) como área da Educação Física, manifestação da cultura corporal, dentre outras possibilidades com uma perspectiva mais generalista, não havendo uma tipologia clara. Ou seja, a categoria Ginástica foi criada a partir da alta incidência apenas da palavra Ginástica no título das produções, denotando possivelmente, um interesse maior no grande campo de estudo gímnico (com destaque para os estudos históricos), pensados como base para as diferentes práticas esportivas.
A menor incidência de algumas práticas ginásticas, parece estar em consonância com outros estudos que identificam este mesmo cenário, com a maior valorização da Ginástica Artística e Rítmica (LIMA et al., 2016). O alto índice de produções da Ginástica de Academia era esperado, uma vez que desde a década de 1980 vem sendo projetado como um grande “lugar” do condicionamento físico, da “obtenção” de saúde e do alcance de um modelo midiático ideal de corpo (TOLEDO, 2010). E nos surpreendeu o maior índice de produções Ginástica para todos neste evento, mas que parece acompanhar o crescimento de seus estudos em nível de pós-graduação (KAUFFMAN et al., 2016) e em periódicos (ANDRADE e MACIAS, 2020).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os resultados apontam que pesquisas em Ginástica, de forma mais abrangente, têm tido lugar privilegiado nos Anais do CONBRACE, sendo que a Ginástica de Academia, a Ginástica para Todos, a Ginástica Artística e Rítmica, têm tido maiores índices de incidência, em detrimento de outras.
Embora não fosse objetivo principal do estudo, também se identificou que ao longo destes 40 anos de congresso, a Ginástica foi aos poucos tomando mais espaço nos diferentes GTTs, indicando que o CONBRACE e a Ginástica apesar de um início incipiente, mudaram seu status para um relacionamento “sério” e, como em qualquer relacionamento, com momentos de total comunhão e outros de afastamento.

Referências


REFERÊNCIAS
ANDRADE, W.A.G.; MACIAS, C.C.C. Ginástica para todos: estado da arte dos artigos publicados em periódicos brasileiros no período de 1980 a 2018. In: Caderno de Educação Física e Esporte – Physical Education and Sport Journal, v. 18, n.1, p.35-40, 2020.
KAUFFMAN, A.P. et al. A produção do conhecimento em Ginástica para todos: uma análise em teses e dissertações de 1980 a 2012. In: CONEXÕES, Campinas, v.14, n.3, jul./set 2016, p.3-22.
LIMA, L. B. Q. et al. A produção acadêmica em Ginástica na Pós-Graduação em Educação Física das Universidades estaduais de São Paulo. Revista Brasileira de Ciência e Movimento, Brasília, v. 24, n. 1, p. 52-68, 2016.
TOLEDO, E. A legitimação da ginástica de academia na modernidade: um estudo da década de 1980. 2010. 268f. Tese (Doutorado em História) Programa de Pós- Graduação em História, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, PUCSP, São Paulo, 2010.

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