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TRAÇOS E RABISCOS: O DESENHO COMO FONTE DE MEMÓRIAS DA INFÂNCIA
Anielly Luiza Silveira Nunes, Camila Aguiar Vieira, Higor Ramos Ferreira, Aldecilene Cerqueira Barreto, Juliana de Oliveira Freire, Ingrid Dittrich Wiggers

Última alteração: 2021-12-04

Resumo


INTRODUÇÃO
Os desenhos infantis são capazes de representar um conjunto de elementos culturais, expressões e personalidades. Dessa forma, o desenho é considerado como fonte histórica, transformando-se em um local de fala e representação das crianças (MEDA, 2014). Ainda nessa esteira de pensamento, Andrade (1930) ressalta que o desenho expressa o resultado de soluções estéticas infantis aproximando-as do campo das artes. Ou seja, podemos considerá-lo como expressão de uma época e de um lugar, e uma fonte de memória da infância. Diante disso, o presente estudo tem como objetivo produzir um inventário de desenhos infantis, a partir de pesquisas realizadas com crianças.

METODOLOGIA
Entender as criações infantis como fontes documentais contribui para a valorização das crianças como parte da história. Com isso, temos como delineamento uma pesquisa documental, com uma abordagem qualitativa, que buscou organizar e categorizar em forma de inventário com cerca de 1600 desenhos infantis preservados em formato original e digital, que foram reunidos no período de 2001 a 2020, como produto de uma seleção de 24 pesquisas realizadas com crianças, empreendidas pelo Imagem - Grupo de Pesquisa sobre Corpo e Educação.
A organização do inventário contou com a análise sensível de três grandes grupos de materiais, que tiveram como fonte de informações os trabalhos acadêmicos e suas respectivas publicações; entrevistas transcritas com os autores desses trabalhos; desenhos infantis propriamente ditos, bem como fotografias. A análise em conjunto desses múltiplos documentos representou um mergulho profundo para compreender que além da pura expressão infantil, há relações, significações e memórias que foram evidenciadas pelas crianças e validadas de acordo com as análises documentais do inventário.

RESULTADOS E DISCUSSÕES
É importante respeitar a percepção da criança em relação ao seu próprio desenho para consolidar um resultado ainda mais fidedigno. Dessa forma, a consolidação das informações coletadas acontece quando entendemos que os desenhos, fotografias e os relatos das crianças são documentos que se entrelaçam e constroem uma triangulação de dados, que é capaz e eficiente para protagonizar o papel significativo dos pequenos como produtores de culturas em um espaço de memórias.
Durante o processo de confecção dos desenhos além da orientação sobre o tema do desenho que se pretende analisar, é importante conjugá-lo com as fotografias que registram o processo de pesquisa, bem como a oralidade em escuta sensível, para obtermos as formas mais privilegiadas da expressão da criança, assim como propõe Gobbi (2002).
A coleção preserva traços das crianças de diversas regiões do Brasil e de outros países, bem como apresenta temáticas que possibilitam conhecer as vivências das crianças e suas expressões em diferentes tempos e espaços. Na coleção de desenhos foram retratados 45 temas, que dialogam com o contexto das brincadeiras, imagem corporal, instituições, mídias, educação física e o cotidiano, evidenciando que o desenho se faz presente em ambientes diversos, onde as crianças seguram os lápis, contornam o imaginário, pontilham as ideias e, ao mesmo tempo, movimentam todo o corpo durante o desenhar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante disso, os desenhos que fazem parte do inventário exteriorizam vivências, bem como aspectos históricos e culturais em diferentes contextos e períodos. A catalogação de um acervo possibilita a análise de repertórios iconográficos ao longo do tempo (COUTINHO, 2002). Em suma, a coleção se consolidou por meio de identificações, transcrições, interpretações e organizações dos desenhos como documentos exponenciais das memórias da infância.

Referências


REFERÊNCIAS
ANDRADE, Mário de. Pintura infantil. Diário Nacional, São Paulo, 23 nov. 1930.
COUTINHO, R. G. A coleção de desenhos infantis do acervo Mário de Andrade. 2002. Tese (Doutorado em Artes: Arte Educação) - Escola de Comunicações e Artes, Universidade de São Paulo, 2002.
GOBBI, Márcia. Desenho infantil e oralidade: instrumentos para pesquisas com crianças pequenas. Por uma cultura da infância: metodologias de pesquisa com crianças, v. 2, p. 69-92, 2002.
MEDA, J. Los dibujos infantiles como fuentes históricas: perspectivas heurísticas y cuestiones metodológicas. Revista Brasileira de História da Educação, Maringá, v. 14, n. 3, p. 151-177, set./dez. 2014.

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