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A SÍNDROME DE BURNOUT EM PROFESSORES DA EDUCAÇÃO BÁSICA: UMA REVISÃO SISTEMÁTICA
Vinícius Luís Pereira de Sousa, Luan Gonçalves Jucá, José Rodrigo Silva de Melo

Última alteração: 2021-12-02

Resumo


INTRODUÇÃO
A Síndrome de Burnout (SB) pode ser entendida como um estresse crônico causado por desgastes psicológicos durante um longo tempo, gerados por diversos elementos contraproducentes relacionados ao ambiente de trabalho (SILVA; CARLOTTO, 2003). É um distúrbio emocional que tem como sintomas a exaustão extrema, estresses e esgotamento físico derivado de situações desgastantes provindas de uma extrema responsabilidade e/ou competitividade.
A SB se compõe em três dimensões, sendo elas: (a) exaustão emocional, que está relacionada a falta de vontade; (b) despersonalização, quando a pessoa não consegue seguir seus princípios e pode gerar uma insensibilidade de sentimentos; (c) desmotivação profissional, gerando sentimentos de incompetência e baixa autoestima no seu ambiente de trabalho (MERCES et al. 2016).
Um dos profissionais que pode apresentar essa síndrome é o professor. Durante sua formação e carreira docente, pode passar por algumas dificuldades, dentre elas, a falta de apoio do estado e da gestão escolar, falta de respeito por parte dos alunos, falta de materiais e a desvalorização da profissão podem induzir os professores a estresses cotidianos maleficiando a sua carreira e vida social (SILVA; BOLSONI-SILVA; LOUREIRO, 2018).
Logo, entende-se que este conjunto de danos causados pelo estresse no cotidiano profissional durante um longo período de tempo, possa acarretar na exaustão do indivíduo para com o ambiente de trabalho (LEVY; NUNES SOBRINHO; SOUZA, 2009). Diante do exposto surge a questão norteadora deste estudo: quais são os fatores mais decisivos para uma possível manifestação da Síndrome de Burnout em docentes da educação básica?
O objetivo desse estudo foi analisar a produção cientifica e identificar os principais fatores que influenciam na Síndrome de Burnout em professores da educação básica. Justifica-se esse estudo pela importância de identificar na literatura as causas e motivações que possam acarretar essa doença nesse grupo de profissionais.

METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de uma revisão sistemática de literatura com abordagem descritiva e análise qualitativa. O levantamento dos dados na literatura aconteceu entre os meses de agosto e setembro de 2019. Foram utilizadas duas bases de dados para a busca e seleção das obras, sendo elas, Lilacs e SciELO. Os descritores utilizadas na busca foram: “Síndrome de Burnout AND professores”, “Síndrome de Burnout AND docentes”, “Síndrome de Burnout AND educação básica”, “Síndrome de Burnout AND educação física”.
Logo após a aplicação dos descritores nos indexadores foram encontrados (50) artigos, em seguida ocorreu a seleção por meio da leitura do título, resumos. Aqueles selecionados nas fases anteriores e que atenderam os critérios de elegibilidade da pesquisa, foi feita a leitura do texto na integra. Por fim, restaram um total de 10 artigos para análise e discussão. O arco temporal utilizado na busca dos textos foi de setembro de 2009 até setembro de 2019. A coleta dos dados foi realizado no mês de setembro do respectivo ano.
Utilizou-se como critérios de inclusão: a) obras em português; b) obras que apresentam uma abordagem sobre a Síndrome de Burnout em professores da educação básica; c) artigos originais. Adotou-se como critérios de exclusão: a) indisponibilidade da obra completa de forma gratuita em meio eletrônico; b) estudos pesquisados no ensino superior; c) Artigos de revisão; d) resumos de dissertações ou teses.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
A amostra final foi composta por um total de 10 artigos relacionados a Síndrome de Burnout na educação básica (DALCIN; CARLOTTO, 2018; SILVA et al. 2018; CARLOTTO et al. 2015; ESTEVES FERREIRA; SANTOS; RIGOLON, 2014; DIEHL; CARLOTTO, 2014; DALAGASPERINA; MONTEIRO, 2014; CARLOTTO, 2011; BATISTA et al. 2010; LEVY; NUNES SOBRINHO; SOUZA, 2009; MOREIRA et al. 2009). Assim, foram abordados neste tópico os principais pontos e descobertas, cometendo comparações e relações dos estudos.
Os artigos expostos demostraram que a Síndrome de Burnout é derivada do conjunto de cansaços, exaustões e estresses crônicos. Esses sentimentos são propícios e derivados do ambiente de trabalho e principalmente pelo contato direto com pessoas. A profissão de professor expõe esses profissionais diariamente a situações de conflito com alunos, pais, direção das instituições, além das atividades extras que teoricamente não seriam de suas responsabilidades, gerando assim altas cargas de trabalhos e contribuindo para uma exaustão física e emocional. Em relação a estudos com professores de educação física, apenas um estudo foi encontrado e apresentou baixa relação com a doença.
Carlotto (2011) e Carlotto e Palazzo (2016) corroboram com o exposto ao enfatizar que a precariedade motivacional da administração escolar em possibilitar que o professor coopere da construção do cronograma e nas propostas pedagógicas, influencia diretamente no comportamento do docente, pois muitas vezes são tratados apenas como instrutores e funcionários, essa titulação pode gerar um desinteresse, menosprezo e a falta de personalidade do profissional.
A Burnout é compreendida por exaustão emocional, despersonalização e baixa realização pessoal (MERCES et al. 2016). Essas três dimensões são os principais fatores compreensíveis que induzem os profissionais para este problema. Os resultados do presente estudo evidenciaram que entre as dimensões que compreende a Síndrome de Burnout, a exaustão emocional apresentou-se a mais elevada dentre as três em todos os artigos da matriz analítica. Esses achados indicam que esta dimensão é a principal precursora que influi as pessoas para o desenvolvimento da doença. Holmes et al. (2014) apontou na sua pesquisa a exaustão emocional como o ponto precursor para o surgimento da síndrome, pois os danos emocionais causados a saúde do indivíduo interfere na qualidade de vida e trabalho, podendo até o afastar da profissão.
Em relação a estudos com professores de Educação Física, esses profissionais apresentaram baixas relações com a doença. Resultado esse, inesperado, visto que, como enfatiza Guedes e Gaspar (2016) em razão das características e particularidades do ofício, os professores de Educação Física também estão expostos a adentrarem na categoria de profissionais com maiores facilidades de estresse no trabalho. Essas facilidades podem estar ligadas e advindas do ambiente escolar, ou, preocupação em motivar os alunos para que os mesmos sintam-se prazer em participar das atividades propostas.
Algumas formas de tratamentos dessa doença foram demostradas nos estudos, como a intervenção de outros profissionais junto ao professor, aumentando assim a realização pelo trabalho, autoeficácia que se mostrou eficaz na redução de sentimentos que ocasionam a síndrome. Salientando assim, a importância que os órgãos públicos desenvolvam políticas nacionais para estimular e apoiar os docentes.
Outros dados obtidos relevam a preocupação em buscar ajuda e formas de tratar essa doença que até pouco tempo atrás era desconhecida, e, hoje ainda encontram-se dificuldades para se autodiagnosticar, e, buscar atendimento médico, estendendo-se assim a recuperação desses profissionais.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O objetivo do presentes estudo foi analisar a produção cientifica e identificar os principais fatores que influenciam na Síndrome de Burnout em professores da educação básica. Notou-se que os principais fatores relacionados a essa doença estão relacionados à exaustão profissional, sendo eles, cansaços, exaustões e estresses crônicos advindo do ambiente e convivência de trabalho do profissional. Ressalta-se que somente um estudo foi desenvolvido com essa perspectiva com professores de Educação Física.
Tais problemas encontrados nos artigos que compuseram essa revisão sistemática deixam em evidencia a necessidade de aprofundar estudos e pesquisas acerca dessa doença que atinge os mais variados profissionais. Diante da modernização e desenvolvimento da sociedade atual, o aumento de pessoas com doenças psicológicas cresce e em paralelo acontece o aparecimento da Síndrome de Burnout, fazendo-se necessário novas pesquisas de intervenção em vista de estimular a investigação acerca do tema.

Referências


BATISTA, Jaqueline Brito Vidal et al. Prevalência da Síndrome de Burnout e fatores sociodemográficos e laborais em professores de escolas municipais da cidade de João Pessoa, PB. Revista brasileira de epidemiologia, v. 13, p. 502-512, 2010.
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DALCIN, Larissa; CARLOTTO, Mary Sandra. Avaliação de efeito de uma intervenção para a Síndrome de Burnout em professores. Psicologia Escolar e Educacional, v. 22, p. 141-150, 2018.
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