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LAZER NA ESCOLA EM TEMPO DE ENSINO REMOTO: ALGUMAS POSSIBILIDADES
Aline Tschoke Vivan, Carmela Bardini, Simone Rechia

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


Este trabalho busca relatar a experiência de uma proposta de abordagem da Educação física no ensino médio integrado a partir do lazer como eixo de desenvolvimento no contexto do ensino remoto, especificamente no que tange ao conteúdo jogos e brincadeiras, em formato de atividade não presencial.
Nesse sentido, buscamos abordar todos os conteúdos das práticas corporais no componente curricular educação física sob a luz do lazer, corroborando com Santos (2014) e Moro (2009). Tendo em vista esta perspectiva do lazer enquanto forma e conteúdo no ensino médio e a recorrente necessidade de sistematizar os avanços da área buscando sempre uma formação crítica dos sujeitos.

DESCREVENDO A EXPERIÊNCIA
O grupo com o qual a experiência foi realizada consiste em 414 discentes vinculados especificamente ao Ensino Médio Integrado, No Instituto Federal do Paraná- Campus Paranaguá. A disciplina em pauta foi realizada no segundo semestre de 2020, com 40 horas aulas, de forma remota, lecionada de forma compartilhada por duas docentes, e desenvolvida de forma simultânea nos diferentes níveis de ensino atendendo ao espaço emergencial criado. Foram desenvolvidos 5 módulos temáticos, nessa oportunidade faremos o relato da experiência especificamente do módulo 2 Um olhar para si como sujeito brincante. Destacamos que o mesmo foi composto por 2 aulas assíncronas e a disponibilização dos materiais e atividades no ambiente virtual utilizado pela instituição.
Iniciamos com a apresentação de texto e vídeos base levando os discentes a refletirem sobre si como um sujeito brincante e fizemos a proposta de um fórum de discussão. Os relatos apresentados pelos estudantes deixam em evidência a associação do brincar como sendo a principal forma como eles puderam criar vínculos sociais na infância. As boas amizades, a criatividade, a imaginação, a liberdade, o contato com a natureza e a convivência com parentes, principalmente primos, e vizinhos, são pontos comuns de muitos dos relatos.
Na segunda etapa deste módulo fizemos um convite ao sentir, propomos uma introdução ao debate sobre a natureza do brincar e seus desdobramentos na vida do ser humano, para tanto utilizamos para sensibilização a obra do artista Plástico Ivan Cruze e o documentário Tarja Branca. Em seguida os discentes foram convidados a expressar sobre o lugar da ludicidade na sua trajetória de vida. Nesta etapa de estudos, o que prevaleceu nos relatórios dos estudantes foi o impacto que tiveram ao reconhecer que o brincar não se resume à infância, podendo ser bem explorado em todas as fases da vida.
Nessa terceira e última fase do módulo estudamos sobre o corpo como construção cultural, indo além da visão biológica, para então, reconhecer as contribuições dos jogos no cenário mais amplo da cultura. Buscando reconhecer as aproximações e diferenças entre brincadeira, jogo e esporte, competir e cooperar, e finalmente tratamos especificamente do conceito de lazer. A atividade sugerida após as leituras e aula assíncrona foram: um conjunto de questões temáticas do ENEM- Exame Nacional do Ensino Médio e a participação em uma pesquisa sobre espaços de lazer. Em geral, as devolutivas das questões do ENEM foram bem positivas, demonstrando o domínio dos alunos em relação aos conhecimentos que permeiam o ensino do conteúdo de brincadeiras e jogos no campo da Educação Física Escolar. De certa maneira, foi possível avaliar se os alunos de fato fizeram a leitura dos textos que disponibilizamos. E a participação deles em uma pesquisa sobre o Lazer na Pandemia demonstrou que eles compreenderam o conceito trabalhado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Percebemos com esse conjunto de estratégias metodológicas que conseguimos mesmo em um ambiente marcado pelo distanciamento social, tematizar a questão da ludicidade de forma clara e identitária. Nos espaços de fala promovidos para que os discentes registrassem suas perspectivas percebemos um crescente da primeira para última atividade no que tange a identificação da ludicidade em sua trajetória de vida e na identificação do lazer como direito social que deve ser materializado inclusive e especialmente em tempos pandêmicos.

Referências


MORO, L. O lugar do lazer no cotidiano das aulas de educação física no âmbito escolar: as maneiras de fazer dos professores do município de Curitiba. Tese (Doutorado em Educação Física) – Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2016.
SANTOS, K. A educação para o lazer nas aulas de educação física: um panorama do cotidiano, barreiras e facilitadores. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, 2009.

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