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MULHERES NA GESTÃO DO ESPORTE: MULHERES PLURAIS NO ENFRENTAMENTO DAS DESIGUALDADES DE GÊNERO NO ESPORTE.
Victória Leizer dos Santos Hostyn, Mauro Myskiw

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


O esporte é muito desigual entre homens e mulheres, como apontam o levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE, 2015), retratando que 67,9% das mulheres brasileiras nunca praticaram esportes, e a pesquisa de Souza e Knijnik (2007), indicando que o esporte praticado por homens é veiculado 700% a mais na mídia do que o praticado por mulheres. Nesse contexto esportivo é que identificamos a importância de um debate aprofundado sobre quem são as pessoas engajadas na gestão do esporte e as relações disso com a cristalização/enfrentamento das desigualdades.
Se os gestores do esporte tendem “[...] a tomar decisões baseando-se em fatos e experiências anteriores [...]” como aponta Azevêdo (2009, p.936), não é despropositada a relevância de investigar a diversidades na ocupação dos cargos de gestão, procurando compreender a representatividade das decisões e ações em que pese a participação das mulheres. É nessa linha que foi realizada uma revisão bibliográfica, tendo como objetivo compreender os lugares e não lugares das mulheres nos trabalhos que se dedicaram a investigar o perfil de gestores do esporte e as relações disso com o enfrentamento das desigualdades de gênero.

METODOLOGIA
O levantamento dos trabalhos foi realizado através de pesquisas no Google acadêmico utilizando os descritores “perfil na gestão do esporte” e “mulheres na gestão do esporte”. Foram encontrados 4 estudos, a respeito dos quais tecemos algumas análises abaixo.

O PERFIL ATUANTE NA GESTÃO DO ESPORTE
Os estudos analisados apontam que a maioria dos gestores do esporte no Brasil são homens (ZANATTA et al., 2018; PASSERO et al., 2020). No esporte de alto rendimento, a desigualdade é ainda maior e demonstrada em todos os níveis, de atletas à dirigentes (DE OLIVEIRA; DE OLIVEIRA TEIXEIRA, 2009), sendo um desafio a ser superado como aponta Gomes (2005).
Além da desigualdade entre homens e mulheres que, mesmo em pequeno número, já está presente na produção de conhecimentos, e que, segundo Azevêdo (2009), vem diminuindo com o passar do tempo, há também uma desigualdade entre diferentes mulheres. Isso porque, a partir das análises que realizamos, notamos que inclusive nos poucos estudos com foco nas gestoras do esporte, não se levam em consideração diversos marcadores sociais como identidade de gênero, pessoas com deficiência, sexualidade, raça e outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS: AS MULHERES PLURAIS
Compreendemos que as desigualdades entre homens e mulheres são um desafio na gestão esportiva, mas que já existem trabalhos que analisam e questionam as desigualdades. Contudo, ao entendermos que há diferentes formas de ser mulher que não são representadas no ambiente esportivo e que são invisibilizadas nas produções, concluímos que há uma demanda de pesquisas sobre as mulheres plurais nos ambientes da gestão esportiva e suas relações com o enfrentamento da desigualdade de gênero e outras opressões. Nos referimos a importância de que estudos que incluam, por exemplo, mulheres trans, com deficiência, mães, indígenas, negras e outras pluralidades, nesse campo profissional.

Referências


REFERÊNCIAS
AZEVÊDO, P. H. O Esporte como Negócio: uma visão sobre a gestão do esporte nos dias atuais. Revista EVS, v. 36, n. 5, p. 929-939, 2009.

DE OLIVEIRA, G. A. S.; DE OLIVEIRA TEIXEIRA, A. P. Trilhando um novo caminho: a gestão esportiva. Revista Gênero, v. 10, n. 1, 2009.

GOMES, E. A participação das mulheres na gestão do esporte brasileiro: desafios e perspectivas. 2006. Tese (Doutorado) - Universidade Gama Filho, Rio de Janeiro, 2006.

IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Diretoria de Pesquisa, Coordenação de Trabalho e Rendimento. Práticas de esporte e atividade física: 2015. Disponível em: https://biblioteca.ibge.gov.br/visualizacao/livros/liv100364.pdf. Acesso em: 26 jun. 2021.

PASSERO, J. G. et al. Futebol de mulheres liderado por homens: uma análise longitudinal dos cargos de comissão técnica e arbitragem. Movimento, Porto Alegre, v. 26, e26060, 2020.

ZANATTA, T. C. et al. O perfil do gestor esportivo brasileiro: revisão sistemática da literatura. Movimento, Porto Alegre, v. 24, n. 1, p. 291-304, 2018.

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