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Mulheres no surf brasileiro: um estudo exploratório
Mariane Alves da Corte Gonçalves, Mariana Cruz Tsukamoto Harumi

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


INTRODUÇÃO
Ao longo do processo histórico, a mulher foi excluída e privada de ter acesso aos estímulos para a cultura do movimento corporal e ao cenário esportivo. Logo, esse espaço excludente é marcado por uma luta constante pela equidade e igualdade nas condições de acesso, prática, remuneração, entre outros fatores. As mulheres, mesmo sendo privadas das práticas esportivas, lutam para que suas habilidades sejam reconhecidas publicamente, buscando e alcançando, ainda que com muitas restrições, o direito. Porém, mesmo passados mais de 100 anos, ainda existe o preconceito, discriminação e desigualdade em um discurso encoberto por novos argumentos (RUBIO, 2021).
Nesse sentido, se faz necessária uma luta constante para inserção da mulher nesses contextos. Historicamente, vemos que a preparação física estimulada aos homens era para que se desenvolvessem como um cidadão viril através da prática de esportes competitivos e enquadrados como masculinos. Já para as mulheres era recomendado a ginástica, buscando limitar a espontaneidade e o espaço em outras práticas corporais (SOUZA, 2003).
Sendo assim, entendemos que existe um processo desigual de formação entre homens e mulheres no que se refere às práticas corporais, e como ressalta Souza (2003, p. 117) , “(...) às mulheres cabem exercícios com menor duração e esforço, e aos homens pertence um universo cada vez mais normatizado e diferenciado do esporte”.
No que diz respeito à modalidade surf, o cenário não é diferente: um espaço sendo ocupado historicamente por homens. As mulheres permanecem na luta para conquistar o seu lugar, e assim, houve uma crescente na sua participação em diversas modalidades, inclusive no surf, modalidade foco desta pesquisa. Sendo assim, elas vêm se apropriando cada vez mais do mar, e consequentemente vêm rompendo com barreiras e estereótipos construídos pela cultura da prática do surf (KNIJNIK; CRUZ, 2004).

OBJETIVO
O presente estudo tem como interesse estudar tal problemática no contexto específico da modalidade surf. Assim, o objetivo dessa pesquisa é investigar e refletir sobre a participação das mulheres no surf brasileiro partindo do relato de experiência das participantes.

METODOLOGIA
O estudo vem sendo desenvolvido a partir de uma perspectiva qualitativa. Para Denzin e Lincoln (2006), a "pesquisa qualitativa é uma atividade situada que localiza o observador no mundo. Consiste em um conjunto de práticas materiais e interpretativas que dão visibilidade ao mundo” (2006, p. 17). Ela também caracteriza-se como um estudo exploratório, utilizando como técnica de coleta a entrevista semi estruturada. Participarão do estudo mulheres surfistas maiores de 18 anos, que praticam desde 2019 ou anteriormente, e sejam moradoras da Baixada Santista. Para a análise dos dados, iremos interpretar e compreender os episódios explorando o contexto, local, as pessoas entre outros aspectos. Desse modo, buscaremos o significado de cada evento, através de anotações, gravações e memória no intuito de guiar a construção da análise dos episódios (STAKE, 2011).

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O projeto será finalizado até dezembro de 2021 pois será apresentado como trabalho de conclusão de curso. No momento, a coleta de dados está sendo iniciada, após a aprovação pelo Comitê de Ética. A essência desse trabalho será investigar e refletir sobre a participação das mulheres no surf brasileiro partindo do relato de experiência das participantes. Diante disso, entendemos que esse espaço ainda requer bastante luta para equidade dos direitos, pois ainda vemos uma alta desigualdade de gênero no que se refere às práticas corporais, principalmente, no esporte.

Referências


DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. S. O planejamento da pesquisa qualitativa: teorias e abordagens. Artmed, 2006.

KNIJNIK, J. D.; CRUZ, L. O. Mulheres ao mar: surfe e identidades femininas em transição. In. Antonio Carlos Simões, Jorge Dorfman Knijnik (orgs). O mundo psicossocial da mulher no esporte: comportamento, gênero, desempenho. São Paulo, Aleph, 2004 (p. 253-276)

RUBIO, K. Mulheres e esporte no Brasil: muitos papéis, uma única luta. 1 ed. São Paulo: Laços, 2021. Disponível em: . Acesso em: 27 abri 2021.

SOUZA, A. M. A. et al. Evoluindo: mulheres surfistas na Praia Mole e na Barra da Lagoa. 2003.

STAKE, R. E. Pesquisa qualitativa: estudando como as coisas funcionam. Penso Editora, 2011.

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