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USO DA PINTURA CORPORAL EM PROVA PRÁTICA NA DISCIPLINA DE ANATOMIA HUMANA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
John Chaves, Juliana Almeida, Rômmulo Siqueira

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


INTRODUÇÃO
Atualmente o ensino tradicional da Anatomia Humana em cursos da área da saúde acontece por meio de aulas teóricas majoritariamente expositivas e aulas práticas em laboratórios adequados, objetivando viabilizar a visualização tridimensional e a identificação das estruturas (ARAUJO JUNIOR et al., 2014).
Porém, segundo Ramos e colaboradores (2008 apud SALBEGO et al., 2015, p. 25), o processo de ensino-aprendizagem se mostra complicado e difícil na disciplina Anatomia Humana no que se refere a morfologia, pois a memorização de muitos termos e nomes complexos a tornam repetitiva e enfadonha para a maioria dos alunos quando não ministrada de maneira mais participativa.
Assim, uma das formas de minimizar as dificuldades do processo ensino-aprendizagem é o uso de metodologias mais interativas. Nesse sentido, a pintura corporal é um método ativo que consiste na pintura de estruturas internas na superfície corporal e envolve diferentes tipos de aprendizagem, com a tátil, cinestésica, visual e auditiva (OLIVEIRA et al., 2020).
Por isso, o objetivo deste trabalho foi relatar a experiência do uso da pintura corporal numa prova prática na disciplina de Anatomia Humana com acadêmicos do primeiro semestre do curso de Licenciatura em Educação Física do Instituto Federal do Ceará (IFCE) campus Limoeiro do Norte no ano de 2018.

MATERIAIS E MÉTODOS
Para a realização da pintura corporal foram usados os seguintes materiais: atlas de Anatomia Humana (SOBOTTA, 2012), Tempera Guache Lavável Acrilex®, pincel artístico chato, copo descartável com água e sabão neutro.
Trinta e cinco estudantes do primeiro semestre do curso de Licenciatura em Educação Física do IFCE campus Limoeiro do Norte realizaram a atividade avaliativa. Eles foram divididos em grupos de quatro ou cinco pessoas, quinze dias antes do dia da pintura e apresentação das estruturas anatômicas definidas para cada grupo pelo docente da disciplina. O conteúdo trabalhado foi aparelho locomotor e a divisão das estruturas foi a seguinte: músculos da face, músculos do tronco, músculos do dorso, músculos dos membros superiores na vista anterior, músculos dos membros superiores na vista posterior, músculos dos membros inferiores na vista anterior, músculos dos membros inferiores na vista posterior, articulações dos membros superiores e, por fim, articulações dos membros inferiores. No dia da apresentação, cada grupo, em posse do atlas de Anatomia Humana, detectou e discutiu a localização das estruturas anatômicas e durante cerca de uma hora e meia foram pintados músculos, ossos, articulações, aponeuroses e tendões sobre a pele de cada aluno voluntário.

DISCUSSÃO
O uso de novas estratégias para o desenvolvimento de um processo de ensino e aprendizagem fortalecido pode contribuir para que os alunos não só aprendam com mais prazer, como também possam aplicar melhor o conteúdo no seu cotidiano (LOPES et al., 2013). Deste modo, a memorização e aprendizado através de uma estrutura (no caso aqui pintura) sendo utilizada como referência em relação a uma imagem impressa (ou slide), possibilita a materialização de um conceito, permitindo que o conhecimento seja mais acessível para o discente. Além disso, tal metodologia, com uso de modelos didáticos alternativos, facilita o processo de ensino e aprendizagem nos diferentes níveis de ensino e a mesma técnica pode ser adaptada ao conteúdo das aulas de educação física no ensino básico na futura prática docente dos licenciandos em Educação Física.
Esse tipo de atividade permite um maior envolvimento com o conteúdo e, além disso, a apresentação do material e a explicação das peças elaboradas pelo próprio discente permite uma maior assimilação de conteúdo e exposição do aprendizado, como relatou um discente ao dizer que “a pintura corporal ajuda a fixar melhor algumas estruturas que temos dificuldade de aprender, pois através dela aprendemos de maneira prática".
Pelo relato dos discentes, o método permitiu um melhor entendimento do conteúdo aplicado a situações mais práticas do cotidiano docente, além de incentivar a busca por mais informações como tipos e movimentos articulares, origem/inserção e funções musculares, conteúdos que em uma prova com foco na nomenclatura ficavam omissos. Tal metodologia alternativa de avaliação permitiu aos alunos maior grau de liberdade no processo ensino-aprendizagem, evitando exclusivamente o estudo isolado de nomenclaturas anatômicas. Além disso, disponibilizou uma visão geral e aplicada à futura atuação profissional dos discentes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Este trabalho objetivou relatar a experiência do uso da pintura corporal numa prova prática na disciplina de Anatomia Humana com acadêmicos de Educação Física e constatamos, a partir dos relatos dos discentes, que o método promoveu o estudo ativo, possibilitou um maior aprendizado (se comparado ao ensino tradicional) e contribuiu com o arcabouço metodológico dos futuros professores, sendo, portanto, um método de ensino efetivo para as aulas de Anatomia Humana.

Referências


ARAUJO JUNIOR, J. P. et al. Desafio anatômico: uma metodologia capaz de auxiliar no aprendizado de anatomia humana. Medicina (Ribeirão Preto, Ribeirão Preto, v. 47, n. 1, p. 62-68, mar./2014. Disponível em: http://www.revistas.usp.br/rmrp/article/view/80100/83980. Acesso em: 6 ago. 2020.

LOPES, P. T. C. et al. Estudando Anatomia Humana com práticas diferenciadas: um relato de experiências com alunos do curso de Educação Física. EFDeportes.com, Revista Digital. 17, Nº 177, 2013.

OLIVEIRA, L. C. et al. A Eficácia do Body Painting no Ensino-Aprendizagem da Anatomia: um Estudo Randomizado. Rev. bras. educ. med., Brasília, v. 44, n. 2, e050, 2020. Disponível em . Acesso em: 01 jul. 2020.

SALBEGO, C. et al. Percepções Acadêmicas sobre o Ensino e a Aprendizagem em Anatomia Humana. Rev. bras. educ. med., Rio de Janeiro, v. 39, n. 1, p. 23-31, Mar. 2015. Disponível em: . Acesso em: 29 jun. 2020.

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