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Nos últimos anos temos observado a importância do trabalho interdisciplinar nos espaços escolares como forma de potencializar o processo de ensino e aprendizagem dos alunos. Hass (2008) destaca que o trabalho colaborativo entre os docentes possibilita, aos alunos, compreenderem os problemas cotidianos por diferentes enfoques, uma vez que a experiências constitui-se como elemento primário para promoção do conhecimento e, essas experiências, ao serem trabalhadas por diferentes disciplinas curriculares convergem para um caminho único no projeto de escolarização, produzindo cidadãos que entendem percebem como as ações colaborativas estão presentes no cotidiano escolar e, consequentemente na sociedade como um todo.
Diante disso, nosso objetivo é discutir as contribuições da Educação Física no projeto interdisciplinar desenvolvido na UMEF “Prof. Emília do Espírito Santo”, situada em Vale Encantado – Vila Velha/ES, a respeito do combate ao mosquito Aedes Aegypti, perpassando, pelas ações construídas coletivamente entre os professores.
Entender como o componente curricular educação física potencializou as ações escolares por meio de sua especificidade, possibilitou a compreensão do enriquecimento fomentado pelas práticas corporais e as diferentes maneiras de fazer (CERTEAU, 1994) espaços de compartilhamento de conhecimento interdisciplinar. Dessa maneira, socializar conhecimentos por meio das especificidades de cada componente curricular constituem-se como estratégia pedagógica para fortalecer conteúdos e conceitos que atravessam os saberes e são tensionados a entrar na escola via demandas comunitárias.
Metodologicamente, utilizamos o estudo de caso (GIL, 2007) como método científico. Essa escolha nos permitiu olhar nosso objeto por diferentes fontes, evitando que um dado se sobreponha ao outro (SARMENTO, 2013). Utilizamos com fontes: diário de campo, narrativas e registros imagéticos (fotos e desenhos) das crianças que participaram do “Projeto Dengue”, nesse caso os alunos do 3º e 4º ano (132 meninos e 128 meninas com idade entre 8 e 9 anos) da UMEF “Prof. Emília do Espírito Santo”. As atividades ocorreram de fevereiro a março de 2018. Analisamos os dados por meio dos estudos do cotidiano de Michel de Certeau (1994), pois entendemos que as práticas de apropriação são aspectos que podem nos fornece análises consistentes sobre o modo como as crianças compreendem o trabalho e utilizam seus saberes para além da escola.
Evidenciamos diferentes ajustes e arranjos produzidos pelos professores para potencializar o “Projeto Dengue”. A educação física contribuiu construídos brinquedos com materiais reciclados, permitindo aos alunos um saber que nasce de suas ações. Neste ponto, destacamos as narrativas dos alunos que indicavam diferentes formas de ressignificar o aprendido nas aulas de educação física no contexto familiar.
Destacamos também, os diferentes registros imagéticos que versavam sobre as características dos brinquedos construídos com o material reciclado, evidenciando os sentidos atribuídos ao projeto pelas crianças e seus usos para além da escola. Observamos a apropriação (CERTEAU, 1994) de temas que extrapolaram o projeto, como: combate ao Zika Virus, ocupação dos espaços esportivos pelos lixões e descompromisso do cidadão com seu bairro.
Essas ações culminaram em um manual de boas práticas para a prevenção das doenças vinculadas pelo mosquito, expondo uma lista de jogos, brinquedos e brincadeiras possíveis de serem produzidas a partir de materiais que acumulam água.
Concluímos que o trabalho interdisciplinar possibilitou as crianças ampliarem suas compreensões sobre as possibilidades de práticas de prevenção, bem como maneiras de fazer brinquedos a partir dos usos (CERTEAU, 1994) de materiais reciclados, dando visibilidade ao seu aprendizado na EF articulado com o trabalho realizado pelos outros docentes da instituição.

Educação física, interdisciplinaridade, ensino fundamental