Sistema Online de Apoio a Congressos do CBCE, XV CONGRESSO ESPÍRITO-SANTENSE DE EDUCAÇÃO FÍSICA

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PRÁTICAS CORPORAIS HOLÍSTICAS PARA IDOSOS COM CEGUEIRA E BAIXA VISÃO
Maria das Graças Carvalho Silva de Sá, Jeane Moraes Lourenço, Gabriel de Sá Ferreira, Géssika Alves dos Santos

Última alteração: 2018-08-28

Resumo


As Práticas Corporais Holísticas possibilitam o sujeito se perceber individualmente e, também, coletivamente nos diferentes níveis e aspectos dentro das relações humanas (BARROSO, 1999). Estas visam a “[...] busca por equilíbrio corpóreo/psíquico/social por meio de estímulos [...] almejando a auto-harmonização pela ampliação da consciência” (VIEIRA FILHO, 2009. p. 114). Outras contribuições, referem-se ao debate relativo ao corpo idoso, saúde e o envelhecimento,e consequentemente, como este corpo é percebido socialmente. As descobertas do/sobre o corpo e das possibilidades que esse corpo tem de agir, sentir, refletir e resignificar dizem da existência de uma cidadania do corpo e que, recorrentemente é visto com um corpo eficiente ou deficiente. Direcionando este debate para os sujeitos com deficiência, constata-se que, o corpo com deficiência nem sempre foi e, talvez ainda hoje não seja, plenamente compreendido como um corpo cidadão. Especialmente quando este indivíduo com cegueira e baixa-visão e, também pessoa idosa visto que, muitas ações habituais que realizava na juventude, provavelmente agora, em condição senil, não mais será possível de ser realizada. Este quadro pode influenciar diretamente sua autoestima destes, criando sentimentos de incapacidade ou medo, que, muitas vezes, acarretam a depressão e a negatividade sobre a própria vida do sujeito com deficiência, ou seja, a negação ao próprio corpo ou a sua deficiência. No enfrentamento, se faz necessário que este indivíduo se aceite e valorize suas potencialidades (NERI; CACHIONI, 1999). O passo mais importante seria descobrir este/novo corpo e explorar suas possibilidades para além da deficiência e das limitações senis, enfrentando-as como uma característica a mais em sua constituição/identidade. Com isso objetivamos neste estudo analisar e descrever as contribuições de Práticas Corporais Holísticas para adultos e idosos com cegueira e baixa visão. Também nos interessou compreender como essas práticas corporais contribuíram para a qualidade de vida e autonomia do público-alvo. A metodologia se constitui em uma pesquisa qualitativa, de caráter descritivo e exploratório, com base na técnica de análise de (BARDIN, 1977), que nos oportuniza uma compreensão sobre o estudo ao permitir a interpretação das particularidades, comportamentos ou atitudes dos indivíduos. As intervenções foram desenvolvidas a partir da proposta teórico-metodológica da abordagem crítico-emancipatória de Kunz (1994), acreditando em um processo no qual os alunos sejam instigados a se apropriarem e (re)significarem os conhecimentos necessários para a reflexão crítica das ações e para o desenvolvimento de sua autonomia. As aulas ocorreram uma vez na semana, no período de agosto 2017 a junho de 2018 no Centro de Educação Física e Desportos (CEFD) da Universidade Federal do Espírito Santo (UFES) e o público-alvo desta pesquisa foram aproximadamente 15 (quinze) adultos e idosos, com cegueira e baixa visão. Os instrumentos utilizados foram: diários de campo; registros fotográficos e audiovisuais; e avaliações individuais e coletivas. A fim de potencializar a prática pedagógica, durante as intervenções, buscamos despertar outros sentidos, como a audição e o tato, levando em consideração as condições de percepção visual de cada participante. Após avaliar e analisar os benefícios que tais práticas promoveram, constatamos que os participantes obtiveram um progresso em sua qualidade de vida ao relatarem uma melhoria em relação a condições de mobilidade além de que, tais práticas foram fundamentais ao promover a autonomia desses sujeitos no cotidiano. Além disso, os alunos evidenciaram o quanto essas práticas possibilitaram momentos de relaxamento e fizeram com que experimentassem sensações que transcendiam situações difíceis, dores, problemas do dia-a-dia. Podemos destacar contribuições dessas práticas ao perceber que os participantes passaram a reconhecer as próprias limitações, potencialidades e a relação com as diferenças.

Palavras-chave


Educação Física; Inclusão; Práticas Corporais Holísticas; Deficiência Visual.

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