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Ao ingressar no ensino superior, o estudante de Educação Física se depara com inúmeras mudanças de compreensão acerca do curso em questão. Muitos acadêmicos possuem uma visão restrita do curso, assimilando-o como meramente procedimental. Porém, essa visão limitante é confrontada no momento em que este inicia a graduação, e entra em contato com as primeiras disciplinas, especialmente àquelas que refletem a docência. Assim, o presente esboço tem o objetivo de refletir sobre as primeiras aprendizagens dos graduandos do curso de Educação Física, especialmente ao entrar em contato com a disciplina de Introdução à Docência no inicio da sua formação inicial. Trata-se de um relato de experiência em que dois acadêmicos dialogam sobre as contribuições que a disciplina Introdução à Docência, a qual compõe a grade curricular do primeiro período do curso de Licenciatura em Educação Física de uma Instituição de Ensino Superior da Zona da Mata mineira, situada na cidade de Manhuaçu-MG. No decorrer do primeiro período do curso de Licenciatura em Educação Física, especialmente a partir das aprendizagens construídas ao longo da disciplina de Introdução à Docência, os acadêmicos compreenderam que este curso aborda os conteúdos da Educação Física escolar numa perspectiva que garante a coexistência das três dimensões do conteúdo (conceitual, procedimental e atitudinal), de modo a destacar os principais elementos trabalhados neste período e os conceitos que foram cruciais para melhor compreender a docência. As experiências adquiridas antes do ingresso no curso de formação superior seja ela na escola ou fora dela se configuram como experiências sócio corporais, as quais geralmente nos fazem compreender o saber como um conceito equivalente à prática, posteriormente aprendido como saber procedimental. Assim, muitas vezes os discentes confundem o realizar movimentos corretos com o conteúdo da disciplina, levando-os a acreditarem que serão bons docentes se souberem a execução corretas desses movimentos, julgando as matérias de cunho pedagógico e didático de menor importância. A compreensão do saber, de acordo com Figueiredo (2004), é construída a partir de relações cotidianas estabelecidas de forma dinâmica com o sujeito. Essas relações podem ser epistêmicas, em que o sujeito busca apoderar-se do domínio de uma atividade que o corpo se apropria, e identitária, na qual há uma dependência entre a ligação do sujeito com ele mesmo e com o mundo. Nesse contexto adquirimos uma visão muito ampla com relação aos saberes. Os conhecimentos trabalhados na matéria de Introdução à docência permitiram derrubar a ideia que a maioria dos discentes possui a respeito do ensinar, que relaciona diretamente o saber ensinar ao saber fazer. Assim, é possível ensinar sem o domínio do saber fazer, do mesmo modo que saber fazer não significa saber ensinar. O conhecimento teórico e histórico das atividades é importante e leva o docente a uma dimensão que o permite ensinar o aluno mesmo sem realizar os movimentos da atividade. Portanto, foi possível compreender o curso de Licenciatura em Educação Física para além do saber fazer, ou saber executar corretamente algum movimento. Fica conclusivo que não há docência sem uma flexibilidade, sem uma imersão no cotidiano do discente, sem uma compreensão do sujeito, de suas dificuldades, suas diferenças, suas relações afetivas e cognitivas e que também é indissociável para um saber completo um domínio da teoria e prática.

Docência; Formação Inicial; Educação Física.