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Este estudo procurou analisar o como as relações de gênero podem ser evidenciadas e problematizadas nas aulas de Educação Física, a partir de um estudo de caso realizado numa escola pública da zona leste da cidade de São Paulo, que acompanhou a prática pedagógica de uma professora de Educação Física com uma turma da 3ª série do ensino fundamental. Para a obtenção dos dados, foram adotados os seguintes procedimentos: observação das aulas, com a utilização de uma câmera filmadora e de um diário de campo para registro, e realização de um encontro reflexivo, subsidiado por um roteiro preliminar bastante flexível, por uma pré-análise construída a partir das observações e pelo recurso da autoscopia. Os resultados demonstram que as relações entre meninas e meninos nas aulas de Educação Física observadas são marcadas por manifestações de poder e resistência. A forma como a professora tratou essas questões, por sua vez, apresenta-se sob um caráter ambivalente. Por um lado, suas ações procuravam dar às meninas a possibilidade de exercer sua resistência ao domínio masculino, de conviver com os meninos ao mesmo tempo em que lutavam por relações mais justas; por outro, essas mesmas ações às vezes pareciam legitimar a forma de agir dos meninos, ocultando a origem social das relações de gênero. Essa ambivalência, no entanto, não desqualifica o caráter essencialmente crítico da prática pedagógica analisada, pois a professora, além de problematizar as situações evidenciadas em aula procurando desvelar os vínculos que elas estabelecem com o meio social e cultural, demonstrou-se extremamente reflexiva e questionadora em relação ao seu próprio fazer pedagógico.