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Desde a década de 1980, devido aos resultados alcançados pelas equipes brasileiras em competições internacionais, o voleibol foi difundido pela mídia, despertando interesse em sua aprendizagem, prática e apreciação pelo público (BIZZOCCHI, 2016, p. 12).
Porém, a popularização do esporte não significou qualidade na realização de jogo, devido à complexidade na aprendizagem de seus fundamentos. Isso ocorre porque a atividade exige domínio corporal e do material de maneira sincronizada, contatos breves e limitados com a bola, precisão técnica, além de urgência nas tomadas de decisão durante a partida.
Se por um lado existe a dificuldade de os jogadores transferirem elementos técnicos aprendidos de maneira analítica para o contexto de jogo (COSTA e NASCIMENTO, 2004, p. 52), por outro, as situações de jogo exigem domínio das habilidades técnicas para que haja continuidade de jogadas. Assim, diante das variadas abordagens de ensino existentes, é importante considerar a interação complexa entre a técnica e a tática a fim de qualificar as ações no jogo (GRAÇA e MESQUITA, 2002, p. 68).
Para atender a essa premissa, o objetivo do trabalho foi relatar e ponderar o potencial pedagógico de experiências nas quais foram utilizadas estratégias metodológicas embasadas na literatura, quais sejam, uso de feedback extrínseco por meio de filmagens (MENDES, 2001, p. 21), adaptação de equipamentos e área de jogo (SADI, SANTOS e ARAÚJO, 2010, p. 102) e jogos reduzidos (MESQUITA, MARQUES e MAIA, 2001, p. 43).
Diante dessas possibilidades, utilizaram-se os seguintes recursos na intervenção: avaliação diagnóstica; apresentação do padrão de movimento sem falha técnica; experimentação global dos gestos técnicos com objetivo de vivenciar dificuldades; exercícios correlacionados vinculados a uma habilidade específica; exercícios educativos e formativos; fundamento técnico em condições simplificadas e sem oponente; uso de atividades com níveis de complexidade de maneira gradual a partir de alteração no comportamento técnico e tático; diferentes tarefas associadas ao desenvolvimento da mesma habilidade; adaptação da regra e realização de jogos em condições de redução do espaço e número de jogadores; e jogo.
As estratégias citadas foram utilizadas em uma disciplina de graduação a qual, a partir dos princípios pedagógicos da Educação Física, objetivava proporcionar a vivência, reflexão e elaboração de referenciais metodológicos para o ensino-aprendizagem de voleibol. As turmas eram compostas de estudantes, em sua maioria, com pouca ou nenhuma experiência no esporte.
Os resultados obtidos foram melhoria na qualidade da execução técnica, capacidade de tomada de decisão e, consequentemente, na continuidade de jogo. Tais ganhos corroboram os pressupostos da bibliografia utilizada, isto é, que a oferta de situações variadas com intencionalidade pedagógica é um potencial estimulante da aprendizagem e possível promotora de desempenhos com qualidade superior nas circunstâncias do jogo.


REFERÊNCIAS

BIZZOCCHI, C. C. O voleibol de alto nível: da iniciação à competição. 5ª ed. rev. e atualizada. Barueri, SP: Manole, 2016.

COSTA, L. C. A.; NASCIMENTO, J. V. O ensino da técnica e da tática: novas abordagens metodológicas. Revista da Educação Física/UEM, Maringá, v. 15, n. 2, jul/dez. 2004. p. 49-56.

GRAÇA, A. S.; MESQUITA, I. R. A investigação sobre os jogos desportivos: ensinar e aprender as habilidades do jogo. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 2, n. 5, p. 67-79, 2002.

MENDES, M. M. A utilização do feedback extrínseco no aprendizado de uma habilidade motora no voleibol. 2001. 87 f. Dissertação (Mestrado em Educação) - Faculdade de Palmas, PR, 2001.

MESQUITA, I.; MARQUES, A.; MAIA, J. A relação entre a eficiência e a eficácia no domínio das habilidades técnicas em Voleibol. Revista Portuguesa de Ciências do Desporto, Porto, v. 1, n. 3, 2001. p. 33-39.

SADI, R. S.; SANTOS, I.; ARAÚJO, R. V. Pedagogia do esporte: descobrindo novos caminhos. São Paulo: Icone, 2010.