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O LAZER NA ESCOLA NA PERSPECTIVA DAS TÁTICAS
Karine do Rocio Vieira dos Santos, Simone Aparecida Rechia

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


RESUMO


PALAVRAS-CHAVE: Escola, Lazer; Táticas.

INTRODUÇÃO
O presente trabalho parte de uma pesquisa em andamento , dessa forma apresenta um recorte de seus dados iniciais. O objetivo desse estudo é discutir como a escola, na perspectiva das crianças coparticipantes da pesquisa é vivenciada de forma tática.
Nesse sentido, a tática, bem como seu binômio, a estratégia, são compreendidas por Certeau (2014) como polos de relações sociais que se estendem por diversos âmbitos da sociedade. Enquanto a estratégia organiza a trama social, impondo normas e formas homogêneas de compreender a realidade, a tática não tem lugar próprio e aproveita-se de momentos fugazes para driblar as normas impostas pela estratégia a fim de fazê-la funcionar por seus próprios quadros de referência.
Em nosso caso, na escola, compreendemos, que as experiências no âmbito dos interstícios do tempo vivenciados nos períodos não formais e informais podem ser formas táticas de vivenciar a escola. Meios pelos quais dribla-se as normas, não em confronto aberto, mas nas brechas, que se tornam oportunidades de organizações de tempos e espaços para a potência da dimensão lúdica.
Para a produção dos dados nos amparamos na sociopoética, que tem como fundamento a expressão da subjetividade dos participantes (TAVARES, 2016), para isso utilizamos quatro instrumentos: (1) Diálogos via WhatsApp, (2) Rodas de conversa via Google Meet, (4) Produção artísticas das crianças sobre a escola e (4) Entrevistas individuais via Google Meet. Participaram da primeira fase do estudo seis crianças, todas com idade entre 10 e 11 anos, estudantes de uma escola da Cidade de Araucária (PR/Brasil).

TÁTICAS DO LAZER NA ESCOLA

Ao focar nos modos táticos pelos quais a escola é vivida pelas crianças coparticipantes, encontramos algumas maneiras de fazer que se mostram, de certa forma, clandestinas, pois não estão pautadas no planejamento escolar formal.
Essas formas se mostram no contato das crianças com as pessoas da comunidade escolar, com os espaços da escola e as formas pelos quais se apropriam dos ambientes para práticas no âmbito do lazer. No reconhecimento de que a escola é algo que remete a “seriedade” em oposição à alegria, mas que não se resume a isso, pois não se consegue reter a dimensão lúdica do espaço escolar. Assim, percebemos que embora a escola esteja cercada de regras, por vezes essas são quebradas pelos estudantes de formas sutis e astutas. Os dados revelam como o lazer de modo formal se torna raro na escola, com os poucos “dias especiais”, como a festa junina ou os raros passeios, por exemplo. Também transparecem como as aulas de educação física se tornam para eles um misto entre aula e um “segundo recreio”. Descrevem as mudanças na escola no avançar das séries e de como a ludicidade vai perdendo espaço nesse processo. Vale ressaltar que as crianças denunciam a escassez do tempo de brincar no recreio, em relação ao acúmulo de tarefas, por vezes mais importantes do que a alegria na escola.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A partir da pré-análise realizada para esse estudo compreendemos essas “maneiras de fazer” cotidianas não necessariamente entram em embates com as normas das estratégias, mas às manipulam para que a vivência do tempo/espaço lazer seja possível. Isto é, cada brecha que se abre pode transformar-se em tempos e espaços de lazer a partir das brincadeiras, das amizades, da sociabilidade, da afetividade, do espaço praticado, da alegria na escola. Desse modo, a vivência concreta do fenômeno do lazer nos interstícios do tempos e ambientes escolares se encontram nos detalhes do cotidiano de forma táticas.

Referências


TAVARES, C. M. de M.. Como desenvolver experimentações estéticas para produção de dados na pesquisa sociopoética e abordagens afins? Revista Pró-UniverSUS. Jul./Dez.; 07 (3): 26-31. 2016.
CERTEAU, M. de. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2014.

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