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O BRINCAR DAS CRIANÇAS DURANTE A PANDEMIA DA COVID-19
Amanda Correia dos Santos, Simone Aparecida Rechia, Karine do Rocio Vieira dos Santos

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


INTRODUÇÃO
O presente trabalho apresenta um recorte de dados iniciais de uma pesquisa em andamento . Dessa forma o objetivo desse estudo é apresentar os espaços em que crianças residentes na cidade de Siqueira Campos (Paraná/Brasil) efetivam em seus cotidianos o direito ao lazer por meio do brincar. Essa pesquisa vem se constituindo sobre os pressupostos da Sociologia da infância a qual vem lutando pela garantia do bem-estar da criança e do seu reconhecimento. Vivemos na atualidade uma restrição do tempo-espaço da criança com uma “sobreocupação horária em múltiplas atividades, geralmente sob o controle do adulto, e pela restrição da circulação no espaço urbano, pelo condicionamento intelectual imposto pela indústria cultural para as crianças.” (SARMENTO, 2013, p. 17).
Para a produção dos dados elaboramos uma Cartilha que pudesse ser um instrumento “disparador” com imagens, frases, músicas e desenhos. Esta foi disponibilizada de forma impressa as 10 crianças participantes da pesquisa, que tiveram um mês para o seu preenchimento.

ESPAÇOS BRINCANTES

Sobre os espaços em que essas brincadeiras ocorreram durante o período pandêmico, pudemos observar, que “em casa”, “na rua”, “no quintal da casa” foram os termos que apareceram de maneira mais frequente nas respostas das crianças. A casa como espaço para a brincadeira sempre fez parte do cotidiano das crianças, é o primeiro espaço com o qual ela começa se relacionar através do brincar, porém diante do isolamento social, ela se tornou em grande parte um dos únicos cenários dentro das possibilidades que as crianças encontram para as brincadeiras. Percebemos também que mesmo com as imposições de restrição do espaço público, algumas crianças relataram que o espaço da rua ainda faz parte dos espaços do brincar cotidiano. Sobre essas informações podemos perceber que o movimento de ocupação dos espaços para brincar das crianças foi drasticamente alterado. Se num contexto anterior as crianças ocupavam os espaços do município (parques, praças, ginásios de esportes, escolas, clubes de campo, casa de parentes), atualmente a grande predominância encontra-se no espaço da casa.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final desse recorte do estudo observamos que, apesar de tudo, as crianças seguem procurando e encontrando formas de brincar. Porém, essa capacidade inventiva em encontrar formas resistentes e astuciosas (CERTEAU, 2014) de, em meio a pandemia, continuarem brincando em suas casas, quintais e ruas, não retira a importancia do espaço público. Caro a elas por suas possibilidades de encontros, experiências e formação humana, esses espaços estão ainda mais restritos e, dessa forma, cerceando suas experiências formativas e de desenvolvimento também nos tempos e espaços de lazer.
Compreendemos que essas restrições são formas indiretas de desrespeito a infância e suas potencialidades de vida e aprendizado. Para a minimização dessa realidade não só o controlar da pandemia se faz necesário com medidas cientificamente comprovadas, como a adequação dos espaços públicos das cidades para a possibilidiade de usos com biosegurança, bem como adoção de campanhas educativas de amplo alcance que disseminem informações verdadeiras, precisas e intelegíveis, de forma que assegure a todos e todas o uso com autonomia, segurança e sensibilidade coletiva, para a sobrevivência humana e a fruição da vida na infância , visando o pleno exercício do direito ao brincar.

Referências


SARMENTO, J. M. A Sociologia da Infância e a Sociedade contemporânea: desafios conceituais e praxeológicos. In: ENS, R. T.; GARANHANI, M. C. (Org.). Sociologia da Infância e a Formação de professores. Curitiba: Champagnat, 2013. p. 13-46.

CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis: Vozes, 2014.

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