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A EXCLUSÃO DAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO FORMA DE CASTIGO: CONSIDERAÇÕES BIBLIOGRÁFICAS
Hadamo Fernandes de Souza, Jonatas Maia da Costa

Última alteração: 2021-09-09

Resumo


INTRODUÇÃO
Este trabalho destaca os primeiros achados de uma investigação que tem como propósito discutir o problema da exclusão normativa (SOUZA; COSTA, 2020). Trata-se de um tema que embora presente na realidade da escola, pouco tem sido explorado na literatura científica da educação física escolar. Explorando a pesquisa bibliográfica (MARCONI; LAKATOS, 2012), o estudo destaca o quão importante é avançar na direção de uma compreensão de que excluir estudantes de aulas de educação física como forma de castigo atenta contra o direito à educação escolar de crianças e jovens.

A EXCLUSÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: PRIMEIRAS APROXIMAÇÕES
É importante percebermos que mesmo sendo uma prática condenada há anos pelos especialistas na educação, os castigos continuam presentes na escola até os tempos hodiernos. É claro que os castigos físicos, aparentemente, estão mais escassos, contudo, os castigos morais ainda persistem com muita força (ARAGÃO, 2017).
Para que a escola alcance seus objetivos, sempre se registrou em seu interior a presença de normas ou regras que norteiam as relações entre professores, estudantes e demais membros da comunidade escolar. Essas regras ou estão presentes nas políticas educacionais ou no cotidiano da sociedade, sendo o professor o sujeito eleito como o mediador da relação pedagógica, onde os conflitos precisam ser minimizados e a submissão dos estudantes garantida.
Não podemos negar que os castigos ainda se perpetuam de forma velada nos espaços escolares, no entanto, diferentemente dos castigos físicos e morais de outrora, verificamos que esses adquiriram uma nova roupagem, como a exclusão dos estudantes das aulas de Educação Física como forma de punição ao comportamento indisciplinado.
De Paula, Paixão e Oliveira (2015), buscaram identificar a prevalência da exclusão das aulas de Educação Física. O estudo levantou que a maioria esmagadora dos estudantes (85%) alegara reincidência nos tipos de punições e suas respectivas causas.
Dessa forma, identificamos que as punições não estão alcançando seus objetivos, que é o de acabar ou minimizar os atos de indisciplina e/ou descumprimento de normas da escola. Todavia, as estratégias punitivas ainda se perpetuam nos espaços escolares.
Outro aspecto que merece destaque ao se utilizar a exclusão como ferramenta pedagógica, diz respeito aos sentimentos experimentados pelos estudantes. De Paula, Paixão e Oliveira (2015) verificaram que 10% alegaram “sentir raiva” e outros 50% mencionaram que ficaram “chateados ou tristes”. Esses sentimentos, vivenciados pelos estudantes, após sofrerem tais punições, são importantes e merecem maior atenção, pois pode ser que as reincidências e a continuidade dos atos de indisciplina na escola sejam apenas uma consequência de tais sentimentos.
Na pesquisa de De Paula, Paixão e Oliveira (2015, p. 466), um estudante apresentou o seguinte relato. “[...] normal, porque tinha várias pessoas na sala também, e eu prefiro ficar na sala desenhado e, também, porque, na Educação Física, só me colocam no gol e eu não gosto. (Estudante 4)”. Importante este depoimento, pois estamos realizando uma análise das exclusões das aulas de Educação Física sob a ótica dos estudantes que gostam do componente curricular, no entanto, acabamos desconsiderando aqueles que não gostam das aulas de Educação Física escolar, pois, para esses, a exclusão seria premiação ao invés de uma punição.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Na escola identificamos comportamentos de ansiedade, principalmente nas aulas de Educação Física. Devido às suas especificidades, muitos estudantes criam uma grande expectativa sobre como serão as aulas e, dessa forma, ao serem excluídos, acabam frustrados. Em parte, isso pode contribuir ainda mais para as condutas de indisciplina.

Referências


ARAGÃO, M. Castigos Escolares: conversando com professores. Curitiba: Appris, 2017.

DE PAULA, E. J.; PAIXÃO, J. A.; OLIVEIRA, E. C. Suspensão de aulas de educação física como forma de punição: a percepção discente. Pensar a prática, Goiânia, v. 18, n. 2, p. 461-471, abr./jun. 2015.

MARCONI, M. de A.; LAKATOS, E. M. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2012.

SOUZA, H. F.; COSTA, J. M. A exclusão (normativa) em aulas de Educação Física: enfrentando a indisciplina por meio do modelo de ensino sport education. Motrivivência, Florianópolis, v. 32, n. 63, p. 01-21, jul./dez. 2020.

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