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EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR EM TEMPOS DE PANDEMIA DA COVID-19: PERCEPÇÕES DE PROFESSORES DA BAHIA
Mônica Vieira Novais, Sérgio Alves Santos, Vandelma Silva Oliveira Rios, PAULO VITOR DA SILVA COSTA, Christiane Garcia Macêdo, Roberta de Sousa Mélo

Última alteração: 2021-09-10

Resumo


INTRODUÇÃO
A propagação do vírus causador da COVID-19 no início de 2020 modificou de muitas formas o modo de vida da população mundial. Na tentativa de conter a doença várias medidas foram tomadas pelos órgãos reguladores, entre elas, o distanciamento social, a necessidade de fechar órgãos públicos e o comércio foi iminente. Com isso, o mundo do trabalho sofreu mudanças expressivas (BRAZ, 2020). O funcionamento das escolas foi afetado e a saída para esse impasse, em muitos casos, foi o ensino remoto.
A falta de conhecimento para lidar com ferramentas digitais é um exemplo de como a prática pedagógica sofreu alterações, e pelo caráter emergencial não houve tempo hábil para formações prévias. Considerando esses aspectos, esse estudo busca compreender como os professores de Educação Física, das escolas públicas de Juazeiro – BA, têm adaptado suas práticas pedagógicas em formato remoto no contexto da pandemia da COVID-19.
PROCESSO METODOLÓGICO
Esse estudo é um recorte da pesquisa do Laboratório de Estudos da Cultura Corporal (LECCORPO), Práticas Corporais no Cenário da Pandemia do COVID-19: lugares do profissional em tempos de distanciamento, de abordagem qualitativa e dividida em etapa preliminar e coleta de dados. A etapa preliminar deu-se a partir do levantamento das atividades online disponibilizadas de forma pública pelos professores em plataformas de compartilhamento de vídeos. Para a segunda etapa foram realizadas seis entrevistas semiestruturadas realizadas via internet.
Os contatos telefônicos dos professores foram obtidos por meio da Secretaria de Educação de Juazeiro, mediante diálogo. O convite foi feito via Whatsapp, e para as entrevistas, utilizamos a plataforma Google Meet. Essas foram transcritas e apresentadas aos colaboradores para leitura e correção quanto aos fatos relatados. A interpretação dos dados se dará através da análise cultural de Du Gay et al. (1997) e Moraes (2016). Apresentamos neste resumo uma síntese de algumas percepções encontradas, considerando que este trabalho se encontra em andamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO
O trabalho docente já envolve muitas atividades para além das aulas (Wittizorecki, Molina Neto, 2005). Os resultados prévios de nossa pesquisa apontam que os professores percebem: dificuldades no processo de adaptação ao formato remoto de ensino; problemas de acesso e conexão com a internet; a falta de conhecimentos tecnológicos que corrobora para os inconvenientes relacionados a não disponibilidade de equipamentos necessários para possibilitar a condução das aulas e elaboração de atividades; e intensificação do trabalho docente. Algumas dessas percepções já destacadas por Silva et al (2021).
Percebeu-se nas falas apresentadas o fortalecimento de aulas teóricas já que estas não sofreram muitas alterações e alguns conteúdos foram preservados. Entretanto, houve o empobrecimento das aulas práticas e da relação teoria/prática, pois a falta de contato presencial, de certa forma, impede a execução a contento de atividades propostas, bem como, a impossibilidade de socialização nas atividades. Alguns mencionaram a dificuldade em avaliar a participação dos alunos, pois a distância impede o acompanhamento das atividades pelo professor.
Foi evidente na maioria das falas, a falta de apoio (financeiro e distribuição de equipamentos e materiais) para o ensino remoto, o que tornou o processo mais dificultoso, pois alguns professores tinham apenas o celular de uso pessoal e alegaram que o mesmo não suportaria as demandas profissionais, alguns relataram investimentos em aparelhos novos, inclusive computadores. O que gerou também uma individualização (culpabilização), ou seja, o professor deveria dar conta de fazer as adaptações, mesmo com apoio pedagógico reduzido e sem acréscimo financeiro.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
A execução dessa pesquisa tem nos permitido entender a realidade que surge a partir da pandemia mundial de COVID-19 e que vem alterando as formas de organização social dos sujeitos envolvidos, através da compreensão das práticas pedagógicas e condições de trabalho dos docentes de Educação Física. É necessário ficar atento para mais uma onda de intensificação do trabalho e de individualização dos professores.

Referências


BRAZ, M. V. A pandemia de COVID-19 (SARS-COV-2) e as contradições do mundo do trabalho. Laborativa, v. 9, n. 1, p. 116-130, abr. 2020.
DU GAY, P. et al. Doing cultural studies: the story of the Sony Walkman. London, 1997.
MORAES, A. L. C. A análise cultural: um método de procedimentos em pesquisas. Questões Transversais, v. 4, n. 7, 2016.
SILVA, A.J.F. et al. Desafios Da Educação Física Escolar em Tempos de Pandemia. Cenas Educacionais. v.4, n.10618, p.1-27, 2021
WITTIZORECKI, E.; MOLINA NETO, V. O trabalho docente dos professores de Educação Física na Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre. Movimento. Porto Alegre, v. 11, n. 1, p.47-70, 2005.

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