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INTRODUÇÃO
A relação entre a Educação Física na escola e a área da Saúde é histórica, já tendo mais de 150 anos, e se constituindo de diferentes maneiras. Uma delas foi a atribuição da Educação Física como parte da grande área das Ciências da Saúde, como a temos ainda fortemente até a atualidade. E outra foi constituindo-a como importante agente de higiene e coesão social, colaborando para a resolução de "problemas de saúde públicos” (SOARES, 2003).
Guedes e Guedes (2001), defendiam que os programas de Educação Física nos anos 2000, deveriam propor como base a educação para a Saúde, preparando os alunos para um estilo de vida ativo, indo muito além da escola.
Sem dúvida, uma crítica ao movimento estabelecido na década de 1990, na denominada crise da Educação Física (BRACHT, 1999), que para alguns “colocou” em segundo plano as atividades físicas nas aulas, dado que defendiam uma maior abordagem das Humanidades, possibilitando uma disciplina (termo da época) mais reflexiva, interpretativa, autônoma e emancipatória, num cenário hegemônico tecnicista e biodinâmico.
O objetivo deste estudo foi identificar se houve, ou não, um fortalecimento do tema/conteúdo da Saúde nos currículos oficiais de Educação Física, em nível nacional (PCN e BNCC) e estadual (no estado com o maior número de escolas do país).
MÉTODO
Trata-se de uma pesquisa com abordagem qualitativa, de perspectiva histórica, e do tipo documental, tendo como fontes primárias de pesquisa os seguintes documentos da Educação Física escolar:
- Parâmetros Curriculares Nacionais – PCNs (5ª a 8ª série);
- Base Nacional Comum Curricular – BNCC;
- Currículo do Estado de São Paulo.
A forma de análise foi dedutiva, cujo sistema de categoria é predefinido, estabelecido a partir do referencial teórico (STRAUSS; CORBIN, 2002). As categorias foram: 1- presença do termo Saúde; 2- forma e local da menção à Saúde e; 3- termos correlatos ao tema Saúde.

ANÁLISES E RESULTADOS
De acordo com os PCNs de Educação Física do Ensino Fundamental (BRASIL,1998) a Saúde está presente e deve ser desenvolvida de forma difusa (pelos professores) nos blocos de conteúdo (Esportes, Ginásticas, Jogos, Lutas, entre outros).
Na BNCC (BRASIL, 2018) somente na Unidade Temática “Esportes” há uma relação direta com a Saúde.
No Currículo Paulista (SÃO PAULO, 2011) a Saúde deve ser atrelada aos temas “Organismo humano e movimento”, abordando os seguintes conteúdos: as capacidades físicas aplicadas nos esportes; a importância do alongamento e do aquecimento e da postura adequada; aparelho locomotor; princípios e efeitos do treinamento físico; atividade física/exercício físico: implicações na obesidade e no emagrecimento; doping.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os dados apontam que o tema da Saúde retorna de fato aos currículos escolares oficias de Educação Física no século XX, ou atreladas a algum subtema.
Parece retomar-se um discurso que beira um “neohigienismo”, trazendo à Educação Física o objetivo e missão de “disciplinar o corpo” para a adoção de hábitos de higiene, e sob uma perspectiva de um certo doutrinamento para a aquisição de hábitos saudáveis, das capacidades físicas, em detrimento de uma proposta conscientizadora. Assim, temos dois problemas a serem alertados: a retomada de uma abordagem higiênica da EF e de um discurso do controle e adestramento do corpo.
Consideramos que os documentos oficiais devam buscar, em suas propostas práticas e fundamentos teóricos uma perspectiva para além da abordagem da Saúde Renovada, num equilíbrio entre estes polos também presentes na Pós-Graduação da área, do campo Biodinâmico e das Humanidades.