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A PERCEPÇÃO DE APRENDIZAGEM DE ALUNOS DE GINÁSTICA PARA TODOS: IDENTIFICANDO OS COMPONENTES INTENCIONAIS DO MOVIMENTO HUMANO
NAYANA RIBEIRO HENRIQUE, TAMIRIS LIMA PATRICIO, MICHELE VIVIENE CARBINATTO

Última alteração: 2021-08-31

Resumo


INTRODUÇÃO
A relação “corpo-mundo” é entendida pelo olhar fenomenológico como recíproca (MERLEAU-PONTY, 1945/2018). O que interessa não é o mundo existente, mas o modo como o conhecimento deste aparece para cada pessoa. Toda experiência vivida é corporal, é pelo corpo que revelamos nosso potencial de criação e expressão. Santin (1987) aponta que o movimento humano, pode ser compreendido como linguagem repleta de intenção. Partindo desse princípio, o autor identifica quatro componentes intencionais do movimento humano: 1. expressividade - o movimento é uma maneira do homem estar presente para si e para os outros; 2. competitividade – o movimento é um esforço para superar obstáculos físicos ou psíquicos; 3. prazer- o movimento é vivido, um feito, uma fruição de valores afetivos; 4. premiação - todo movimento não só busca uma premiação fora de si, como também, nele mesmo. Nosso objetivo foi identificar os componentes intencionais do movimento humano, na percepção de aprendizagem de alunos de uma extensão universitária de Ginástica para Todos (GPT) submetidos a diferentes ações pedagógicas.

METODOLOGIA
O estudo caracterizou-se como uma pesquisa-ação participante, com as propostas pedagógicas divididas em dois grupos de 15 alunos entre 6 e 12 anos: grupo com aulas centradas no aluno (CA) e grupo com aulas centradas no professor (CP). Os procedimentos metodológicos incluíram: a. observações e entrevistas semanais com os alunos após cada aula; b. reunião pedagógica semanal com os monitores; c. grupo focal com alunos pré e pós um festival de GPT; d. o acompanhamento de um critical friend, que emitiu feedback externo sobre todo o processo. A análise procedeu na transcrição e leitura das gravações e observações, seguidas de uma releitura, incluindo notas quando as percepções se acercavam ao nosso objetivo e, por fim, um diálogo teórico relacionando com a temática, utilizando conceitos fenomenológicos.

RESULTADOS
No que diz respeito aos resultados, observamos que no componente “expressividade”, alunos do grupo CA exibiam corporalmente os elementos ginásticos para responder quando questionados sobre a aprendizagem, como também foi observado que alguns deles executavam os elementos de forma espontânea ao longo dos encontros. Os alunos do grupo CP respondiam verbalmente os nomes dos elementos, sem demonstrações corporais, limitando-se a se movimentar conforme o comando do professor. No componente “competitividade” o grupo CP relatava a conquista de realizar elementos ginásticos, contando a dificuldade sobre tal movimento. O grupo CA além de relatar as conquistas motoras, contavam sobre a relação com os materiais utilizados e sobre as ações promovidas pelo coletivo. Foi unânime a identificação do componente “prazer”. No grupo CA notamos o valor afetivo em relação a toda proposta da aula e no CP, em relação a utilização de alguns aparelhos específicos. Sobre a “premiação” ambos demonstraram interesse pela qualidade estética e a efetivação da coreografia no festival. Além disso, o grupo CP demonstrou intenção em componentes externos - aplausos e medalhas, e o CA pelo ato em si - se apresentar.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
As ações pedagógicas do grupo CA proporcionaram espaços de criação e expressão para que os alunos colocassem em evidência seu mundo vivido, e assim, identificamos que o movimento corporal despontou no componente “expressividade” em relação ao CP. Os outros três componentes foram identificados com certa similaridade, constatando que ambos os grupos obtiveram experiências de aprendizado. Entretanto, percebemos que no grupo CA, os aspectos educacionais percebidos perpassaram os movimentos ginásticos, nos relatando também aspectos de natureza social e afetiva.

Referências


MERLEAU-PONTY, Maurice. Fenomenologia da percepção. 5ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2018.

SANTIN, Slvino. Educação Física: uma abordagem filosófica da Corporeidade. Ijuí: Ed. Unijuí, 1987.

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