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GÊNERO, PRÁTICAS CORPORAIS E RECREIO: DISPUTAS E NEGOCIAÇÕES ENTRE ALUNOS E ALUNAS DE UMA ESCOLA SITUADA EM REGIÃO DE ALTO ÍNDICE DE VIOLÊNCIAS CONTRA MULHERES EM NOVO HAMBURGO/RS
Morgana Stein Steffens, Ariane Corrêa Pacheco, André Luiz dos Santos Silva

Última alteração: 2021-12-03

Resumo


O objetivo desse estudo foi analisar como as relações de gênero atravessam as práticas corporais no recreio em escolas situadas em regiões com altos índices denúncias na Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher do município de Novo Hamburgo/RS (DEAM-NH). O referencial teórico para o desenvolvimento desse estudo aborda, inicialmente, conceituações e discussões sobre gênero e sexualidade no contexto de formação escolar, sendo construídos continuamente ao longo da vida dos indivíduos onde a cultura e as construções sociais estão diretamente ligadas (LOURO, 2008). Na sequência, este trabalho está fundamentado nos debates sobre a infância e no estudo da violência como algo simbólico, constituída historicamente e vinculada às relações de poder nos contextos das relações sociais indivíduos (DEBERT; GREGORI, 2018). Por fim, passo a me debruçar no estudo sobre as relações de gênero e práticas corporais de meninos e meninas nos momentos do recreio escolar, compreendido como tempo/espaço de disputas e aprendizagens no que se refere às questões de gênero e sexualidade (WENETZ, 2005) Metodologicamente, essa pesquisa é de cunho qualitativo descritivo e quantitativo, sendo dividida em três eixos subsequentes: inicialmente partiu-se do mapa de calor produzido com os registros de crimes na DEAM-NH, no período de 2017 a 2019, e identificação das escolas situadas no ponto crítico de maior hostilidade contra as mulheres, resultando na escolha de uma dessas instituições. Na sequência, realizou-se três intervenções com turmas do 6º ao 8º ano do ensino fundamental, no mês de setembro, utilizando questionários com disparadores relacionados à temática em estudo, os quais foram virtualizados em razão do enfrentamento da pandemia causada pela contaminação com o vírus SARS-CoV-2. Por meio da análise de dados e na articulação com os debates sobre gênero, escola e práticas corporais, foi possível produzir as seguintes categorias analíticas: ‘Das brincadeiras aos esportes’, “A gente jogava quando dava”: as disputas por espaços’ e ‘As tensões quando temática gênero entrou na pauta’. Foi possível identificar os atravessamentos de gênero nas escolhas por brinquedos e nas práticas corporais no recreio escolar, sendo percebidas nas disputas e ocupações por espaços, assim como nas tensões emergentes a partir de desigualdades de gênero e da construção plural das identidades. Ainda pode-se compreender que a região investigada necessita de outras intervenções relacionadas a temática violência de gênero. Por fim, acredita-se que, além de políticas públicas voltadas para essa comunidade, manter o debate de gênero na pauta da escola pode permanecer construindo um olhar atento a essas problemáticas.

Referências


DEBERT, G. G.; GREGORI, M. F. Violência e gênero: novas propostas, velhos dilemas. Revista Brasileira de Ciências Sociais, São Paulo, v. 23, n. 66, p. 165-211, 2018.
LOURO, G. L. Gênero e sexualidade: pedagogias contemporâneas. Pro-Posições, Porto Alegre, v. 19, n. 2, p. 17-23, ago. 2008.
WENETZ, Ileana. Gênero e sexualidade nas brincadeiras do recreio. Dissertação (Mestrado em Ciências do Movimento Humano - Representações Sociais do Movimento Humano) - Escola Superior de Educação Física, Universidade Federal do Rio Grande do Sul - UFRGS, Porto Alegre, 2005.

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