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PERIODIZAÇÃO PARA O VOLEIBOL INFANTO-JUVENIL ESCOLAR
Última alteração: 2018-09-27
Resumo
Segundo Marques Júnior (2006), modelos clássicos de periodização, por terem sido idealizados para desportos condicionantes, enfatizam o trabalho físico. Todavia, em esportes de oposição, pela existência do confronto entre adversários, caracterizado por ações variadas, aleatórias e imprevisíveis, o alcance do melhor desempenho resulta da interação das capacidades físicas com as técnicas e táticas (GRÉHAIGNE, GODBOUT e BOUTHIER, 1999).
O obstáculo para se elaborar um plano de treinamento considerando todos os aspectos citados diz respeito à gestão do tempo e à excessiva fragmentação das sessões de treinamento. Nesse contexto, a periodização tática sugere que o planejamento seja feito conforme modelo de jogo adotado pelo treinador, ao qual se subordinam as cargas físicas, técnicas e táticas. A integração dessas componentes impede que o jogador realize os exercícios de forma mecânica, mas reflita sobre suas funções (MARQUES JÚNIOR, 2011).
De fato, a periodização tática valoriza o desenvolvimento da inteligência do jogo, entretanto, inviabiliza o controle dos parâmetros da carga. Isso pode implicar a deficiência nos estímulos necessários ao desenvolvimento de força, velocidade, flexibilidade e resistência, fundamentais para a eficácia do voleibol (RIBEIRO, 2008).
No tocante àquele esporte, Marques Júnior (2014) propôs uma periodização específica, mesclando princípios dos modelos tradicionais e da periodização tática. Porém, acredita-se que, mesmo progredindo em relação a propostas anteriores, o modelo não deixa claro como serão integrados os conteúdos físicos, técnicos e táticos. Assim, o objetivo deste trabalho foi estruturar sessões de treinamento de voleibol considerando a integração desses conteúdos e tecer um relato de experiência de sua execução por um time infanto-juvenil escolar.
Foram propostas e filmadas duas sessões de treinamento com duração de duas horas, uma da fase básica e outra da específica. Os conteúdos foram sequenciados considerando-se a integração entre os componentes físico, técnico e tático, e o heterocronismo das recuperações, alocando-se as atividades temporalmente indo das que possuem componente neural preponderante em direção às que demandam mais dos sistemas metabólicos.
Como resultado da intervenção, observou-se maior dedicação ao treinamento físico, maior disposição para executar os aspectos técnicos e, nas ações de jogo, maior incidência da aplicação dos objetivos táticos trabalhados. Tais modificações podem ser compreendidas por (1) a tomada de consciência a respeito dos princípios táticos proporcionado pelas situações que reforçam os contextos de jogo, advindas da integração dos conteúdos físico, técnico e tático (GRAÇA & MESQUITA, 2007); e (2) a consideração da ordem de trabalho das variáveis de treino que, ao priorizar as funções cognitivas e neurais no início da sessão, permite que o desenvolvimento das mesmas não fique prejudicado devido à depleção antecipada dos sistemas metabólicos (HAUSSWIRT & MUJIKA, 2013).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRAÇA, Amândio; MESQUITA, Isabel. A investigação sobre os modelos de ensino dos jogos desportivos. Revista portuguesa de ciências do desporto, v. 7, n. 3, p. 401-421, 2007.
GRÉHAIGNE, Jean-Francis; GODBOUT, Paul; BOUTHIER, Daniel. The foundations of tactics and strategy in team sports. Journal of teaching in physical education, v. 18, n. 2, p. 159-174, 1999.
HAUSSWIRTH, Christophe; MUJIKA, Iñigo (Ed.). Recovery for performance in sport. Human Kinetics, 2013.
MARQUES JR, Nelson Kautzner. Periodização tática: uma nova organização do treinamento para duplas masculinas do voleibol na areia de alto rendimento. Revista Mineira de Educação Física, v. 14, n. 1, p.19-45, 2006.
MARQUES JR, Nelson Kautzner. Periodização tática. Educación Física y Deportes, v. 16, n. 163, 2011.
MARQUES JR, Nelson Kautzner. Periodização específica para o voleibol: atualizando o conteúdo. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 8, n. 47 S2, p. 453-485, 2014.
RIBEIRO, J. L.S. Conhecendo o voleibol. Sprint, 2008.
O obstáculo para se elaborar um plano de treinamento considerando todos os aspectos citados diz respeito à gestão do tempo e à excessiva fragmentação das sessões de treinamento. Nesse contexto, a periodização tática sugere que o planejamento seja feito conforme modelo de jogo adotado pelo treinador, ao qual se subordinam as cargas físicas, técnicas e táticas. A integração dessas componentes impede que o jogador realize os exercícios de forma mecânica, mas reflita sobre suas funções (MARQUES JÚNIOR, 2011).
De fato, a periodização tática valoriza o desenvolvimento da inteligência do jogo, entretanto, inviabiliza o controle dos parâmetros da carga. Isso pode implicar a deficiência nos estímulos necessários ao desenvolvimento de força, velocidade, flexibilidade e resistência, fundamentais para a eficácia do voleibol (RIBEIRO, 2008).
No tocante àquele esporte, Marques Júnior (2014) propôs uma periodização específica, mesclando princípios dos modelos tradicionais e da periodização tática. Porém, acredita-se que, mesmo progredindo em relação a propostas anteriores, o modelo não deixa claro como serão integrados os conteúdos físicos, técnicos e táticos. Assim, o objetivo deste trabalho foi estruturar sessões de treinamento de voleibol considerando a integração desses conteúdos e tecer um relato de experiência de sua execução por um time infanto-juvenil escolar.
Foram propostas e filmadas duas sessões de treinamento com duração de duas horas, uma da fase básica e outra da específica. Os conteúdos foram sequenciados considerando-se a integração entre os componentes físico, técnico e tático, e o heterocronismo das recuperações, alocando-se as atividades temporalmente indo das que possuem componente neural preponderante em direção às que demandam mais dos sistemas metabólicos.
Como resultado da intervenção, observou-se maior dedicação ao treinamento físico, maior disposição para executar os aspectos técnicos e, nas ações de jogo, maior incidência da aplicação dos objetivos táticos trabalhados. Tais modificações podem ser compreendidas por (1) a tomada de consciência a respeito dos princípios táticos proporcionado pelas situações que reforçam os contextos de jogo, advindas da integração dos conteúdos físico, técnico e tático (GRAÇA & MESQUITA, 2007); e (2) a consideração da ordem de trabalho das variáveis de treino que, ao priorizar as funções cognitivas e neurais no início da sessão, permite que o desenvolvimento das mesmas não fique prejudicado devido à depleção antecipada dos sistemas metabólicos (HAUSSWIRT & MUJIKA, 2013).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
GRAÇA, Amândio; MESQUITA, Isabel. A investigação sobre os modelos de ensino dos jogos desportivos. Revista portuguesa de ciências do desporto, v. 7, n. 3, p. 401-421, 2007.
GRÉHAIGNE, Jean-Francis; GODBOUT, Paul; BOUTHIER, Daniel. The foundations of tactics and strategy in team sports. Journal of teaching in physical education, v. 18, n. 2, p. 159-174, 1999.
HAUSSWIRTH, Christophe; MUJIKA, Iñigo (Ed.). Recovery for performance in sport. Human Kinetics, 2013.
MARQUES JR, Nelson Kautzner. Periodização tática: uma nova organização do treinamento para duplas masculinas do voleibol na areia de alto rendimento. Revista Mineira de Educação Física, v. 14, n. 1, p.19-45, 2006.
MARQUES JR, Nelson Kautzner. Periodização tática. Educación Física y Deportes, v. 16, n. 163, 2011.
MARQUES JR, Nelson Kautzner. Periodização específica para o voleibol: atualizando o conteúdo. Revista Brasileira de Prescrição e Fisiologia do Exercício, v. 8, n. 47 S2, p. 453-485, 2014.
RIBEIRO, J. L.S. Conhecendo o voleibol. Sprint, 2008.
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