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ENTRE CORPOS E CULTURAS: PERSPECTIVA EPISTEMOLÓGICA PARA A EMANCIPAÇÃO
Maria Cecília de Paula Silva

Última alteração: 2017-06-24

Resumo


Parte de pesquisa mais ampla , surge da necessidade de transformar os modos e saberes circulantes em nossa área de conhecimento, de novas referências epistêmicas críticas, fora de lógicas eurocentradas. Interpretar os silêncios impostos socialmente às expressões dos corpos e culturas de comunidades centenárias com formas singulares de vida, sinalizadas nas expressões de festa, trabalho, lazer, visibilizá-las e refletir como considerá-las na educação formal foi nossa pretensão. Objetivou conhecer, analisar e refletir sobre processos históricos, culturais e produção do conhecimento de corpos e culturas, em rituais e ambientes de lazer, trabalho e vida de Diogo e Santo Antônio, Bahia-BR, comunidade de pescadores e artesãos. Pesquisa histórica do tempo presente, contempla fontes documentais, orais, imagéticas e elementos etnográficos. O presente como “tempo de agora”(BENJAMIN, 2011, p. 252). A identidade do local, criadas e alteradas pelas comunidades, seus sentidos e significados históricos, sociais, culturais, corporais, foram o foco da análise(VERÓN,1980). De resultados, é fundamental para a educação escolar ampliar os saberes tratados, considerar e diálogo com os conhecimentos locais, com o tempo presente e a cultura inscrita nos corpos, com a vida , de acordo com Silva (2016a,b).
Nestas comunidades a estética das expressões corporais e das culturas locais é identificada nas dimensões da vida. Um conhecimentos que, apesar do silêncio imposto pela colonização do saber, fonte de poder, estão presentes e integrados à vida, com dimensões significativas à compreensão do ser humano como sujeito história e cultural. O lazer, trabalho e vida nestas comunidades são indissociáveis e expressam um caráter lúdico e eminentemente humano que transcende a esfera da lógica do capital. Baseado no caráter lúdico e humano que essas expressões corporais e culturais devem ser analisadas e sistematizadas, devem participar da educação formal, curricular, e ir além. Interrogar sobre outras possibilidades de existência digna, fora da lógica do capital.
“O corpo hoje se impõe como lugar de predileção do discurso social”(LE BRETON, 2009, p. 85), apesar dele continuar oculto e preso à normas e valores impostos. A educação física, “como toda a modernidade filosófica é herdeira de um lugar do sujeito face ao saber, à verdade, ao conhecimento e ao movimento, que é tributário da revolução teórica empreendida por Descartes”(SILVA, 2009, p. 253), um lugar de manutenção de valores da sociedade capitalista e excludente, que produz um “sujeito alienado, abstrato de sim mesmo, do mundo e de suas possibilidades críticas, reflexivas, criadoras. Ao corpo cabe um lugar que “é tanto força de trabalho como mercadoria alienada, um prolongamento da máquina” (SILVA, 2009, p.257-8). Lugares que urgem ser alterados.
Necessário redimensionar essas lógicas, se contrapor às lógicas perversas de dominação, redimensionar a produção do conhecimento, reacender o debate epistemológico. Necessitamos alterar lógicas conservadoras pela descolonização dos saberes (SANTOS, 2007) e apontar novas epistemologias para alterar a ‘esquizofrenia’ cultural de nosso sistema e prática escolar. Ser sujeito de sua história passa por formas outras de produzir, compreender e organizar o conhecimento e o desenho curricular. Precisamos ultrapassar lógicas hegemônicas e excludentes de produzir conhecimento, apresentar possibilidades de interrogar epistemologias, subverter a ordem para a emancipação política, econômica, humana e social.

Palavras-chave: corpos e culturas; conhecimento e política; epistemologia e educação física

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