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POSSIBILIDADES DEMOCRÁTICAS E INOVADORAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA: RELATOS DA OBSERVAÇÃO EM UMA COMUNIDADE DE APRENDIZAGEM
Valdilene Aline Nogueira, Sheila Aparecida Pereira dos Santos Silva

Última alteração: 2017-06-19

Resumo


INTRODUÇÃO

O Ministério da Educação reconheceu como inovadoras 178 organizações educacionais no ano de 2016. A escola Projeto Âncora (SP) consta entre elas e foi denominada pela UNESCO como uma Comunidade de Aprendizagem (CA).
As CA, que tiveram sua origem na Espanha, são entendidas como centros educacionais que participam de um projeto de transformação social e cultural, onde a escola e a comunidade trabalham juntas. O elemento fundamental ao aprendizado é o diálogo, que deve permear todos os atores no interior da escola (educandos, educadores, familiares, etc) tendo como princípios norteadores a garantia de espaço para conversa e a busca de consenso (CAPLLONCH; FIGUERAS, 2012).
A CA não é organizada em séries ou turmas de alunos e o trabalho ocorre por meio de Projetos. Nas observações realizadas, percebemos que as práticas corporais são importantes elementos nesta escola. Nesse contexto, esse estudo objetivou, entre outros, descrever como são desenvolvidas as aulas de Educação Física (EF) em um ambiente que se propõe a realizar práticas educacionais democráticas em seu cotidiano.

METODOLOGIA

Esse trabalho, recorte da dissertação de Mestrado Nogueira (2016), é uma pesquisa descritiva, qualitativa (GIL, 1999), de orientação fenomenológica (MARTINS; BICUDO, 2003), cujo principal instrumento de coleta de dados foi a observação não participante (LÜDKE & ANDRÉ, 1986) das aulas de EF.
As observações de oito aulas, com duração média de 1 hora e 30 minutos, ocorreram nos meses de março e abril de 2016. As aulas foram ministradas por um dos professores de EF da CA e contavam com um grupo de 12 estudantes com idades entre 10 a 14 anos. Os registros das observações foram realizados em diários de campo e posteriormente analisados.

SÍNTENSE DA OBSERVAÇÃO

No período em que as aulas foram observadas, ocorria a tematização do Parkour. O tema sugerido pelo educador, foi aceito de maneira consensual pelo grupo em meio a outras sugestões de práticas apresentadas pelos próprios estudantes.
As aulas iniciais foram organizadas por atividades de pesquisas realizadas pelos estudantes e pelo educador e compartilhadas no momento dos encontros. Nessa fase, reportagens e textos foram lidos, escritos e debatidos. Em relação ao estudo do Parkour, foram estabelecidos objetivos pelo grupo como: vencer obstáculos; conseguir se locomover de um local para o outro da forma mais rápida; olhar o ambiente pensando em Parkour; cooperar; respeitar o próprio corpo e aprender o seu limite; analisar as condições do bairro para a prática da modalidade enquanto possibilidade de lazer.
Após esse período, o grupo vivenciou, com a ajuda de um convidado praticante da modalidade, movimentos variados da prática e construíram atividades e percursos pela escola e pelo bairro.
Os estudantes participaram ativamente da construção das aulas e do planejamento do professor. Quando a atividade não acontecia conforme planejado, os estudantes se reuniam em grupo e, com a mediação do educador, discutiam outras possibilidades.
A avaliação ocorreu por meio da escrita de textos, organização das atividades e da apresentação de um percurso construído por cada educando e experimentado pelo grupo. No 8º encontro a turma retomou os objetivos traçados e discutiram todos os itens até decidirem que seria o momento de passar a estudar outro tema.
Durante as oito aulas observadas, não foram percebidos estudantes em busca de meios para não participarem das atividades.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Percebemos ao longo da observação que as aulas foram permeadas por elementos democráticos, assim como proposto pelas diretrizes das CA, uma vez que, estudantes puderam construir juntamente com o educador o planejamento das aulas, pensando desde a escolha do tema até a avaliação. Julgamos também que as práticas pedagógicas observadas e o papel exercido pelo professor se situam dentro de um quadro inovador da EF (SILVA; BRACHT, 2012).
Sugerimos que metodologias que possibilitam um posicionamento ativo dos educandos em suas estratégias de ensino são eficazes para que os estudantes construam e vivenciem diferentes saberes veiculados pela cultura corporal de movimento.

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