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O GLOBO SOB SEUS PÉS: UMA PEDAGOGIA PARA O EQUILÍBRIO SOBRE BOLAS GIGANTES
Gilson Santos Rodrigues, Teresa Barragán Ontañón, Daniel Carvalho Lopes, Leonora Tanasovici Cardani, Marco Antonio Coelho Bortoleto

Última alteração: 2017-06-09

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Circo; Pedagogia; Funambulismo.

INTRODUÇÃO
O funambulismo (equilibrismo) configura-se como um conjunto de práticas de completo domínio corporal sobre distintos aparelhos, dentre eles o rola-rola, monociclo, perna de pau, arame, corda bamba, bola de equilíbrio etc, uma arte de beleza e graça ímpares (GÓMEZ DE LA SERNA, 1996).
Considerando o amplo repertório circense, a bola de equilíbrio possui um particular potencial educativo (FOUCHET, 2006) que não pode ser negligenciado no ensino das atividades circenses. Após uma pesquisa bibliográfica encontramos poucos estudos que discutem este tema e isto nos animou a compartilhar as experiências acumuladas pelos autores tratando do tema no âmbito educativo. Assim, objetivamos apresentar a prática da bola de equilíbrio e discutir alguns elementos didático-pedagógicos sobre seu ensino.

MÉTODOS
Trata-se de um estudo documental, o qual agrupou distintos materiais bibliográficos (capítulos de livros, artigos de divulgação) combinando com anotações (plano de atividades e notas de aula) produzidas ao longo de nossa experiência com o ensino com a bola de equilíbrio. Este corpo documental foi transcrito, organizado e analisado. Destes registros textuais destacamos os enunciados que configuravam unidades de significado e os agrupamos em categorias analíticas, a saber: informações sobre o aparelho, procedimentos didáticos e estratégias de ação docente, por fim, agrupamos as categorias em unidades de contexto: dimensões conceituais, procedimentais e atitudinais, conforme indicações de Bardin (1979).

CONHECENDO E RECONHECENDO A BOLA DE EQUILÍBRIO
Nossas fontes revelam uma variedade terminológica do aparelho, denominado bola de equilíbrio, bola gigante, bola circense e, com maior recorrência, bola chinesa, esta última devido ao seu significativo desenvolvimento técnico e artístico por artistas asiáticos (MINGHUA, 1988). Em relação à sua gênese, é difícil precisar, mas parece-nos plausível especular que essa prática originou-se do desafio de equilibrar-se sobre uma bola tendo o domínio de si e do aparelho, conjuntamente à intencionalidade de espetacularizar-se (GÓMEZ DE LA SERNA, 1998). Assim, a primeira dimensão didática pode ser a compreensão conceitual e genealógica da modalidade.
A prática de bola apresenta eminente risco de quedas. Deste modo, é importante o fomento de uma cultura de segurança (FERREIRA et al 2015) acompanhada de segurança ativa (MAURICEAU et al., 2012). Destarte, tratamos de “manipular” as incertezas provenientes do espaço (da bola) para facilitar a ação do praticante (aumento do atrito da bola com o chão e ajudas manuais ao praticante). Assim, o cuidado com a segurança é uma segunda dimensão didática.
Por fim, a terceira dimensão didática, refere-se ao domínio do equilíbrio corporal (estático e dinâmico) sobre a bola (INVERNÓ, 2003). A noção de equilíbrio necessária à prática funda-se na manutenção do alinhamento do centro de gravidade do praticante em relação ao centro da bola. Assim, propõe-se de início o deslocamento sobre a bola parada, seguido de pequenos “passos” sobre a bola para fazê-la rolar para frente ou para trás deslocando-se em distintas direções.

CONSIDERAÇÕES
Atentar-se à diversidade de suas práticas é fundamental à pedagogia das atividades circenses. Deste modo, faz-se necessário investigar as particularidades pedagógica de distintas modalidades circenses buscando viabilizar sua vivência. Nesta oportunidade, apresentamos a partir de nossa experiência, elementos para uma didática centrada na compreensão conceitual e genealógica, na incorporação de uma cultura de segurança e na vivência dessa modalidade, visando oferecer uma experiência contextualizada dessa arte secular.

REFERÊNCIAS
BARDIN, L. Análise de conteúdo. Lisboa, Portugal. Edições 70, 1979.

FERREIRA, D. L. et al. Segurança no circo: questão de prioridade. Várzea Paulista, SP: Fontoura, 2015.

FOUCHET, A. Las artes del circo: una aventura pedagógica. Editorial Stadium, Buenos Aires, 2006.

GOMEZ DE LA SERNA, R. Obras completas. Barcelona: Circulo de Lectores: Galaxia Gutenberg, 1996.

INVERNÓ, J. Circo y educación física: otra forma de aprender. Barcelona: INDE publicaciones, 2003.

MAURICEAU, É. Et al. La sécurité active: êntre responsable de soi et de ses partenaires. Revue EPS, Cahier 12 ansetplus, septembre-octobre, 2012.

MINGHUA, H. Las cien diversiones. In. CORREO DE LA UNESCO. El circo: un espectáculo del mundo. N.1, 1988.

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