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PRÁTICAS CORPORAIS ALTERNATIVAS NA FORMAÇÃO PROFISSIONAL EM EDUCAÇÃO FÍSICA: ESTUDO DE REVISÃO
Paula Paré da Rocha, Priscilla de Cesaro Antunes

Última alteração: 2017-07-15

Resumo


Práticas corporais como Yôga, Tai chi chuan, Lian Gong, Antiginástica, Eutonia, etc, vêm sendo chamadas no campo da Educação Física (EF) de Práticas Corporais Alternativas (PCAs). São atividades que visam o autoconhecimento pela realização de movimentos lentos e prazerosos que possibilitam vivenciar a sensibilidade, a criatividade e a expressividade (COLDEBELLA; LORENZETTO; COLDEBELLA, 2004).
As PCAs adentraram o campo da EF no final dos anos 1980, acompanhando o movimento renovador da área, uma vez que propunham um contraponto aos princípios e efeitos das formas de educação do corpo até então hegemônicas e realizavam uma crítica incisiva ao culto ao corpo e ao adestramento corporal (MATTHIESEN, 2015).
As PCAs estão previstas em documentos oficiais do campo da Educação e da Saúde que dizem respeito à EF, como os Parâmetros Curriculares Nacionais, a Base Nacional Comum Curricular, ainda em discussão, e a Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS, sinalizando aos profissionais a demanda para atuação com estas práticas em espaços como escolas e serviços de saúde. No entanto, a formação profissional parece não ter incorporado ainda a discussão destes conteúdos.
Partindo desta hipótese, realizou-se uma revisão bibliográfica de materiais publicados no campo da EF sobre as relações entre PCAs e formação profissional. O objetivo deste texto, portanto, foi analisar o conteúdo de publicações científicas que abordaram o tema das PCAs na formação profissional em EF.
A primeira base de dados consultada para a pesquisa foi o Portal de Periódicos da CAPES, onde foi feita uma busca com a palavra-chave “práticas corporais alternativas”. Porém, como nenhum resultado foi encontrado, a busca foi direcionada ao Google Acadêmico, com o mesmo termo, em agosto de 2016.
Foram encontrados 298 resultados, sendo 56 artigos em periódicos. Destes, sete foram selecionados porque abordaram o tema das práticas corporais alternativas no âmbito da formação profissional em EF. Optou-se apenas por artigos, tendo em vista que os trabalhos de pós-graduação identificados foram também publicados nesse formato.
A análise dos sete artigos indicou que as PCAs estão presentes no campo de pesquisa da EF desde a década de 1980. Apesar disso, a escassa quantidade de material encontrado sugere que a temática tem sido pouco explorada nos currículos de formação profissional em EF. Identificou-se que há instituições públicas e privadas de ensino superior que integram o conteúdo das PCAs na formação inicial em EF. Na UNESP-Rio Claro, este está presente no currículo formal desde 1989, segundo Matthiesen (1999). Além dessa universidade, em que quatro dos sete artigos foram publicados, via Revista Motriz, observou-se duas instituições privadas que incluem as PCAs na graduação em EF: a UNIFAC-Botucatu, em que há oferta de uma disciplina no primeiro semestre (ALVES, 2008); e outra, mencionada no texto como “uma instituição de ensino superior privada do interior do Estado de São Paulo” (MORAIS; LEMOS, 2012, p.188), em que o tema é trabalhado no terceiro semestre.
Os sete estudos evidenciam potenciais das práticas corporais alternativas para a formação profissional, sendo que, mais do que conteúdos e práticas específicas, destacam-se certos valores e princípios que analisam e ponderam possibilidades de aprimorar as qualidades individuais e coletivas, entendendo que o/a profissional precisa transformar-se a si mesmo/a antes de auxiliar a (trans)formar o/a outro/a. Além de proporcionarem um trato com o corpo em uma perspectiva integrada (dimensões física, emocional e social dos sujeitos), há uma aposta de que as práticas corporais alternativas podem sensibilizar os/as acadêmicos/as para formas mais solidárias e socialmente responsáveis de olhar o mundo e os/as outros/as, além de possibilitar uma crítica a problemáticas do tempo presente, como a aceleração, a superficialidade, a aparência física superestimada, a destruição da natureza, a competitividade, etc.

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