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A EDUCAÇÃO FÍSICA NOS ANOS INICIAIS: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA
Monique Bianchetti, Leandro Oliveira Rocha

Última alteração: 2017-05-30

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Educação Física Escolar; Ensino Fundamental – Anos Iniciais; Relato de experiência.

INTRODUÇÃO
Este relato de experiência foi elaborado a partir dos aprendizados construídos na disciplina de Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental – Anos Iniciais, do curso de Educação Física Licenciatura da Univates. A prática docente foi desenvolvida em 2015, com a turma do 3º ano de uma escola pública do estado do Rio Grande do Sul, totalizando 15 aulas. Teoricamente, a proposta de estágio foi sustentada nos pressupostos das concepções abertas (HILDEBRANDT, 2011) com ênfase na cooperação (BROTTO, 2002) e na experimentação e discussão das diversas manifestações da cultura corporal.
O estágio constituiu as primeiras experiências na docência e foi repleto de desafios, inquietações e aprendizados sobre a docência – os quais são apresentados neste trabalho.

METODOLOGIA
Ao longo do estágio elaborei planos de aulas e memoriais descritivos. Nos memoriais, escritos no final de cada aula, descrevi o que aconteceu na aula, identifiquei situações que interferiam no andamento da aula e como interagi com as crianças e como me senti. Compreendendo também uma forma de desenvolver a reflexão sobre a minha prática docente, os memoriais descritivos e sua relação com o plano de aula desenvolvido, bem como os planos de aulas que foram elaborados na sequência das aulas, constituíram os instrumentos de coleta de informações utilizados para construção deste trabalho.

A AULA DE EDUCAÇÃO FÍSICA COMO UMA CONSTRUÇÃO COLETIVA
O estágio foi marcado pela insegurança de desenvolver as aulas com crianças, devido ao medo de ser incapaz de ensinar, de cativar as crianças e aprender com elas. Faltava-me a segurança para enfrentar os desafios cotidianos em uma escola. Pensava não ter competência para desenvolver as práticas pedagógicas nem controle de turma.
Mesmo com essas sensações, no decorrer das aulas percebi que a interação com as crianças era bem diferente daquela que imaginava. Frente às propostas práticas com a dança, as modalidades esportivas e as dinâmicas cooperativas, as crianças eram sempre entusiasmadas, divertidas e dispostas aos desafios propostos. Elas apresentavam ideias, auxiliavam-me a organizar os espaços e materiais, construíam as atividades práticas umas com as outras e compartilhavam descobertas. Esses aspectos envolveram as aulas por construções coletivas de aprendizados, os quais, para as crianças, podem ser relacionados à criação de movimentos, à capacidade de diálogo e de compartilhar materiais e à compreensão da diversidade de práticas corporais.
Já eu, entendi que as crianças são os atores principais das aulas e que elas podem tornar as aulas em momentos alegres, prazerosos e de ricos aprendizados. Ademais, sentia-me bem em estar nas aulas, com elas, como nunca havia pensado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao refletir sobre minhas experiências no estágio, percebi que entendia a docência de forma equivocada. Acreditava em um tipo educação bancária (FREIRE, 2016), na qual eu era a detentora do conhecimento e que minha função era passá-lo para os alunos, sendo estes meros objetos do processo educativo. Entendia que o processo ensino-aprendizagem era pautado somente na capacidade do professor de ensinar. Agora, entendo que o professor é um dos elementos desse processo, certamente um dos principais porque toda proposta educativa tem intencionalidade pedagógica e requer procedimentos didáticos.
Com o estágio, aprendi que a aula é uma construção coletiva e que ensinar “não é transferir conhecimento” (FREIRE, 2016, p. 47) e que a aula é viva, é interativa, é coletiva, é a soma entre: professor + alunos + escola + apoio da direção + materiais + espaços físicos + planejamento. Percebi que as aulas compreendem construções coletivas permeadas por situações imprevistas e marcadas pela subjetividade das crianças; e que minhas angústias iniciais também eram fruto da sobrecarga emocional que colocava sobre mim mesma, a qual mobilizava meu desinteresse em atuar nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental.
Por isso, o Estágio Supervisionado possibilitou compreender a mim mesma, conhecer a vida na escola e a docência na Educação Física.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BROTTO, F. O. Jogos cooperativos: O jogo e o esporte como um exercício de convivência. Santos: São Paulo, 2002.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 53. ed. SP e RJ. Paz e Terra, 2016.
HILDEBRANDT, R. Concepções Abertas no Ensino da Educação Física. Rio de Janeiro: Editora Imperial Novo Milênio, 2011.

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