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NARRATIVA PROFISSIONAL: EDUCAÇÃO FÍSICA EM CAPS DA SERRA-ES
Gabriela Linhares Daltio

Última alteração: 2017-06-08

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Educação Física; CAPS; Narrativa profissional.

1 INTRODUÇÃO
O movimento denominado reforma psiquiátrica (RP) (MESQUITA et al, 2010), que culminou na Lei 10.216/01 garantindo dispositivos substitutivos ao modelo hospitalocêntrico , tal como os Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) , para cuidado de pessoas com intenso sofrimento psíquico decorrente de transtornos mentais graves e persistentes , tem como base fortalecer ações que transcendam as medidas da psiquiatria clássica, tais como as oficinas terapêuticas da Educação Física (EF). No entanto ainda é necessário compreender melhor a atuação do profissional da EF em CAPS. O objetivo desse relato é descrever a minha experiência na inserção como profissional de um CAPS, como foram construídas e desenvolvidas essas atividades pertinentes à atuação profissional.

2 METODOLOGIA
A recuperação do processo vivido se dará a partir de minha narrativa sobre o processo de experiência de inserção profissional na área da saúde mental desde quando tomo posse na Prefeitura Municipal da Serra-ES no cargo de Professora de EF em CAPS (abril/2014 até março/2017). Experiência desenvolvida a partir de oficinas terapêuticas tematizaram algumas práticas corporais que serão comentadas a seguir.

3 NARRATIVAS
Aventuro-me então nas atividades próprias da EF no CAPS, e tomo como referência para pensar as práticas corporais o conceito de Cultura Corporal (COLETIVO DE AUTORES, 1992), condizente aos objetivos das oficinas do Projeto Terapêutico do CAPS. Esse olhar privilegia ações de ressocialização coerentes com discussão da RP.
Por desconhecer a estrutura e funcionamento do CAPS e o papel da atuação profissional da EF, busquei informações através de diversos atores sociais (profissionais de CAPS, usuários e familiares de usuários do serviço e com busca em banco de dados de artigos científicos e diversas obras).
Após essa primeira aproximação, com algumas informações pertinentes às atividades pertencentes a EF, decidi manter algumas que já aconteciam, reorganizando-as, e propus outras. Segundo o relato dos usuários, a única atividade realizada era caminhar até a praça do bairro, que ocorria de terça a sexta pela manhã. Atualmente, outras atividades estão em andamento: 1) a caminhada agora é planejada junto aos usuários e tem destino outros pontos (ex.: o Ginásio e a Área de Proteção Ambiental Lagoa Jacuném); 2) jogos coletivos (futsal, queimada, vôlei, piques, rugby e capoeira) adaptados às necessidades do contexto (regras, duração, volume e intensidade); 3) Atividade com o Programa de Orientação ao Exercício Físico da Serra; 4) passeio com atividades lúdicas.
Poucos recursos materiais, impossibilidade de apoio nas atividades extra CAPS, ginásio em péssimas condições e fatores climáticos, são limitações enfrentadas. Já a parceria com a Associação de moradores, apoio da equipe CAPS, motivação pessoal e profissional, a participação dos usuários e a oportunidade de se manter contato com a sociedade são fatores positivos que considero importante às atividades.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O desalinhamento entre formação/suporte teórico e a função social que se espera da EF na saúde mental pode ser um fator importante no desajuste e nos desafios enfrentados na formulação e realização das atividades no CAPS. Porém, o ajuste das atividades teve a preocupação de alinhar a aposta de trabalho com uma postura que caminhe junto às ideias da RP. A partir de mais pesquisas sobre o tema e mais trocas de experiências profissionais, possivelmente, poder-se-á desenvolver mais ações pertinentes ao tema.

5 REFERÊNCIAS
BRASIL. Diretrizes Assistenciais em Saúde Mental na Saúde Suplementar. Agência Nacional de Saúde Suplementar, Rio de Janeiro: ANS, p.75, 2008.
COLETIVO DE AUTORES, Metodologia do ensino da educação física. São Paulo: Cortez, 1992.
MESQUITA, J.F.; NOVELLINO , M.S.F.; CAVALCANTI, M.T. A reforma psiquiátrica no brasil: um novo olhar sobre o paradigma da saúde mental. In: XVII ENCONTRO NACIONAL DE ESTUDOS POPULACIONAIS, 17, 2010. Caxambu – MG, ABEP, 2010. Disponível em: . Acesso em: 11de abril de 2017.

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