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1 INTRODUÇÃO
É sabido atualmente, que as brincadeiras tradicionais estão entrando em desuso nas aulas de Educação Física, cedendo espaço para práticas tecnológicas (FERES NETO, 2001) que, se utilizadas excessivamente, constroem, aos poucos, hábitos de vida incompatíveis com o desenvolvimento das crianças, fomentando uma cultura de sedentarismo já enraizada na população brasileira.
Em decorrência deste preocupante fator, resgatar e enaltecer a importância do brincar tradicional nas aulas de Educação Física despontam como boas possibilidades pedagógicas para rompermos com tal estigma.
Buscando reflexões sobre isso, os discentes da componente curricular Educação Física no Ensino Infantil do curso de licenciatura em Educação Física da UFRN, foram incentivados a participarem de um ateliê para construção de brinquedos recicláveis que constituíram suas vivências infantis, de forma a estimular uma consciência de preservação ambiental, além de permitir o afloramento da criatividade dos integrantes do grupo no processo de fabricação e ressignifação do elemento produzido.
Sendo assim, o presente trabalho busca relatar os momentos que compuseram a vivência supracitada, apresentando as concepções do simbólico e do funcional externadas pelos alunos da turma, bem como fazer um recorte das etapas da elaboração do brinquedo de um dos grupos em questão.

2 METODOLOGIA
O presente estudo de caráter qualitativo e teor descritivo, discorre sobre uma aula de construção de brinquedos com materiais recicláveis em uma turma de graduação, intencionada a gerar reflexões em torno da perspectiva infantil no que tange ao brincar.
Dentre as equipes formadas para o ateliê, destacamos o passo a passo relatado pelos idealizadores do PlastiCarro – carrinho confeccionado com garrafas pet – o qual esteve presente na fase infantil dos componentes deste seleto grupo.
Para tanto, utilizou-se seis garrafas plásticas de dois litros. Complementarmente, a produção dividiu-se em seis etapas: cortar o fundo da garrafa; seccionar a garrafa verticalmente; avessar a garrafa duas vezes; cortar dois círculos em cada lateral de uma das garrafas; formar o cilindro para o eixo do carro; encaixar o cilindro no corpo do carro para acoplamento das rodas.
Ao final da vivência, os alunos foram convidados a socializar seus produtos com a turma, encerrando a intervenção com uma reflexão sobre o sentimento do brincar na perspectiva das crianças.

3 EVIDÊNCIAS
Durante a aula, foi notório a presença de sentimentos nostálgicos em todo o coletivo da prática. Na medida em que se progredia na construção dos brinquedos, as lembranças das vivências lúdicas dos participantes em seus respectivos períodos infantis com tais produtos, emergiam, trazendo consigo as nuances representativas dos brinquedos em tais épocas, tanto nos aspectos funcionais, quanto simbólicos.
Esta realidade confirma a assertiva de Sarmento (2004), que aponta para a existência de uma dualidade comportamental no homem, podendo ele transitar no seu mundo real (funcional) ou ideal (simbólico).

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao longo deste relato, foi visto que a prática educacional, que buscou incentivar a rememoração das vivências infantis, proporcionou aos seus adeptos reflexões que perpassaram por questões conceituais acerca do brincar, assim como possibilitou se pensar novos significados para os brinquedos apresentados em sala de aula.

5 REFERÊNCIAS
BENJAMIN, W. Reflexões: a criança, o brinquedo, a educação. São Paulo: Summus, 1984.
FERES NETO, A. A virtualização do esporte e suas novas vivências eletrônicas. 105 f. 2001, Tese (Doutorado em Educação) – Universidade Estadual de Campinas. Campinas, 2001.
OLIVEIRA, Z. M. R. Educação infantil: fundamentos e métodos. São Paulo: Cortez, 2002.
SARMENTO, M. J.; CERISARA, A. B. Crianças e miúdos: perspectivas sociopedagógicas sobre infância e educação. Porto: Asa, 2004.