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FAMÍLIA NA ESCOLA: UM RELATO DE EXPERIÊNCIA NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR
Daniela Schwabe Minelli

Última alteração: 2017-06-20

Resumo


1 INTRODUÇÃO
O Colégio de Aplicação (CA) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), pautado em uma gestão democrática e participativa, conta com o engajamento da comunidade escolar, formada pelos segmentos dos alunos, professores, servidores técnico-administrativos e famílias nas ações de construção e tomada de decisão referentes aos processos educacionais e pedagógicos. A inclusão de atores sociais distintos, no cotidiano escolar, pode ampliar e enriquecer a formação dos alunos, representando mais um espaço de integração pedagógica da comunidade escolar. Por exemplo, os pais e/ou familiares podem contribuir na elaboração e execução do planejamento educacional dos professores nas diferentes disciplinas, com o compartilhamento de saberes (científicos, artísticos, culturais e esportivos) a partir de fontes de conhecimento oriundas das vivências e experiências do próprio sujeito ao longo da sua história pessoal e profissional (BHERING; BALTCHFORD, 1999; POLONIA; DESSEN, 2005), atuando como protagonistas do processo educacional.
Esse relato de experiência é pautado no projeto de pesquisa Família na Escola, e tem como objetivo descrever a participação dos familiares dos estudantes do CA em atividades educativas nas aulas de Educação Física (EF), visando ampliar o protagonismo das famílias na escola e no trato sobre a Cultura Corporal de Movimento (CCM).

2 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa qualitativa, do tipo descritiva (DENZIN; LINCOLN, 2006), que contou com a participação de familiares dos alunos de 3os e 4os anos do Ensino Fundamental do CA da UFSC. A participação das famílias foi espontânea, a partir de um convite enviado pela agenda escolar (bilhete). Os familiares que mostraram interesse e disponibilidade em participar das aulas de EF, foram chamados para uma reunião coletiva e elucidativa sobre a proposta do projeto Família na Escola. Posteriormente, foram chamados para reuniões individuais, para elaboração didático-pedagógica das atividades referentes às práticas que iriam compartilhar com os alunos nas aulas de EF, considerando que nem todos os familiares possuíam conhecimento técnico para organização de uma aula completa. A utilização do e-mail também foi uma ferramenta efetiva de comunicação.

3 DESCRIÇÕES E RESULTADOS
No total, foram enviados 153 bilhetes para os familiares, dos quais: a) 40 mostraram interesse em participar das aulas de EF; b) 93 não quiseram/puderam participar; c) 18 não tiveram acesso ao bilhete na agenda; e d) dois não receberam o bilhete (criança de atestado médico). Dos 40 familiares interessados, 14 efetivamente participaram do projeto Família na Escola e compartilharam: yoga (3), vôlei de quadra (2), atividade de aventura - slackline (1), brincadeiras cantadas (1), brincadeiras populares: bolinha de gude (1), capoeira (1), danças urbanas (1), ginástica funcional (1), judô (1), surfe (1) e vôlei de praia (1). Após a participação das famílias, foi realizada uma avaliação com as crianças, por meio de desenhos e textos, que relataram a satisfação, alegria, motivação e desejo de ter sua família sempre presente no cotidiano escolar. Apenas dois familiares avaliaram sua participação e destacaram o quanto foi prazeroso acompanhar seus filhos em aula regular e, sobretudo, a valorização do seu conhecimento dentro do âmbito escolar.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
As atividades e práticas compartilhadas pelos familiares nas aulas de EF estavam atreladas à proposta da CCM, e os familiares, no momento das aulas, relataram para os estudantes a satisfação de poder compartilhar uma prática corporal que fora significativa na sua infância e que estava sendo valorizada e incluída como parte do conteúdo escolar na disciplina de EF. Além disso, a participação espontânea das famílias, nesse projeto, ganha destaque na garantia do protagonismo no processo de ensino e aprendizagem, pois o sujeito que se coloca à disposição dessa proposta, assume que sua participação tem relevância social, cultural e educacional, e a reconhece como determinante e significativa na construção coletiva do conhecimento, sobretudo aliada à proximidade do cotidiano escolar.
5 REFERÊNCIAS
BHERING, E.; BLATCHFORD, I. S. A relação escola-pais: um modelo de trocas e colaboração. Cadernos de Pesquisa, n.106, p.191-216, 1999.
DENZIN, N. K.; LINCOLN, Y. The sage handbook of qualitative research. California: Sage, 2005. p.1-32.
DESSEN, M. A.; POLONIA, A. C. A família e a escola como contextos de desenvolvimento humano. Paidéia, v.17, n.36, p.21-32, 2007.
POLONIA, A. C.; DESSEN, M. A. Em busca de uma compreensão das relações entre família e escola. Psicologia Escolar e Educacional, v.5, n.9, p.303-312, 2005.

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