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A PARTICIPAÇÃO DAS MENINAS NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
josiane brito ferreira, Cristina Carta Medeiros, maria regina ferreira costa

Última alteração: 2017-07-02

Resumo


O tema participação feminina nas aulas de educação física nos remete à educação do corpo feminino. Estudos relacionados ao gênero, não excluem as características biológicas, porém situam que, a cultura, os sistemas de significações e as relações de poder implicam na constituição dos sujeitos, enfatizando que as desigualdades não são produzidas apenas pela distinção de sexo, mas o feminino e o masculino são constituídos por tudo que se fala, representa, pensa e valoriza sobre estas características. No presente estudo, gênero e cultura se relacionam numa perspectiva pós-estruturalista para compreender e problematizar que diferenças e desigualdades entre homens e mulheres não são naturais, mas construídas como construto social, cultural e linguístico, produto e efeito de relações de poder.
A hierarquia de gênero fez com que as mulheres fossem “naturalmente”diminuídas, excluídas, e levadas a ações menos importantes no ambiente escolar, a pedagogia de gênero consolidou a desigualdade entre homem e mulher, porém a escola tem o poder de desmistificar estes estereótipos, começando por trabalhos em grupo, diversificação de práticas corporais, apropriação de espaços, etc.
Ao observar espaços escolares na cidade de Curitiba-Paraná, surge a questão, quais motivos levam as meninas a afastarem das aulas de educação física?
A indagação remete a ideia de que família e escola tem um papel importante contra o preconceito, porém, de reprodutoras de desigualdades. Desde a gravidez nos é apresentado formas de ser: meninos fortes e meninas delicadas.
Os estudos de Daolio (1995); Nogueira (1997) e Jaco (2012) proporcionam fundamentos para compreender que o corpo expressa os elementos da cultura da qual faz parte, assim na educação física na perspectiva cultural pode fundamentar ações pedagógicas remetendo aos sentidos, significados sociais, identidades, relações que dão a este corpo um significado e a partir disto compreender os gostos e interesses de alunos e alunas nas aulas.
Remetendo a educação corporal das mulheres constatamos que as mulheres não tinham permissão para prática de atividades físicas, deveriam apenas observar, seus corpos poderiam sofrer "danos" a estética ou comprometer a reprodução. Com o passar do tempo o exercício foi incluído orientando-as a tornar-se belas e saudáveis para a gestação, pois a mulher deveria gerar filhos saudáveis que representariam o futuro da nação. A ginástica foi incluída nas aulas de educação física e as atividades eram diferenciadas para meninos e meninas, pois os esportes eram vistos como risco para a feminilidade e a maternidade. (PINI, 1978; SCHWENGBER, 2003; SOUZA & ALTMANN, 1999)
Hoje, diversas atividades são "permitidas" a ambos os sexos, porém há um distanciamento feminino das atividades ditas masculinas e as mulheres, de um modo geral, primam pela estética. Isto é, as meninas são desde muito cedo inspiradas a tornar-se belas, o que resulta numa erotização precoce, é comum observar desde os primeiros anos do ensino fundamental meninas maquiadas, com sapatos de salto e roupas justas, o que dificulta a movimentação corporal. Jaco (2012) relata em sua pesquisa três modos das meninas participarem nas aulas։ protagonistas, figurantes, e flutuantes.
As observações nos espaços escolares nos levam a concluir que, a escola reproduz a hierarquia de gênero, o que faz com que as alunas participem como figurantes e flutuantes, formas estas relacionadas a educação do gênero que se apresenta na forma vestir, com roupas justas e/ou com sapatos inapropriados, configurando modos dos usos do corpo. É marcante a redução na participação feminina nas aulas na medida em que entram na puberdade, fato que deve ser refletido e desmitificado.

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