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CORPOS VIGIADOS, MENTES RETRAÍDAS: O ALUNO SOB O CONTROLE DISCIPLINAR.
Nivaldo Rocha Baia junior, VALMIR ARRUDA SOUSA NETO, EDUARDO LIMA MELO

Última alteração: 2017-06-09

Resumo


INTRODUÇÃO
A disciplina faz parte da condição humana, sendo esta indispensável para o convívio em sociedade e a formação da moralidade. A escola enquanto instituição de ensino possui papel relevante na construção desta conduta. Porém, infelizmente ainda é notável que estabelecimentos que se declaram “educacionais” promovam distorções sobre este conceito e imprimam nos alunos comportamentos morais aceitos sob a ótica da gestão escolar. Deste modo tal processo pode ser acrescido de fórmulas de dominação para produzir uma docilidade nos aprendizes. Dentre os instrumentos, abordaremos aqui o uso de câmeras de vigilância nos espaços escolares. O objetivo deste estudo é refletir sobre as intenções e consequências de sistemas de vigilância na escola, para o aluno enquanto protagonista. O estudo surge comitantemente com a atuação docente na educação física em uma escola privada em Fortaleza-Ce, acredita-se que tais mecanismos tecnológicos possam lesar a condição moral, criativa e disciplinar do aluno.
2 METODOLOGIA
Trata-se de uma pesquisa bibliográfica de caráter descritivo, onde se buscou dados que pudessem elucidar os objetivos deste estudo.

3 DESCRIÇÕES, RESULTADOS, INTERPRETAÇÕES...
Os mecanismos tecnológicos espalhados pela escola (inclusive dentro das salas de aula) se mostram como opressores instrumentos de disciplinarização dos corpos em um processo de docilidade e instrumentação de comportamentos morais pré-ditados. Além de tornar o espaço tirânico, o método cria uma atmosfera de desconfiança e submissão, que impede os acontecimentos e relações inusitadas, uma vez que se torna deletéria às relações e manifestações sociais não toleradas. Breton (2002) afirma que a dominação moral e material das ações sociais do corpo favorece a alienação. A incorporação deste modo excessivamente disciplinar pode afetar diretamente o desenvolvimento moral do aluno, inibindo o processo de autodisciplina e de responsabilidade nos alunos. A escola por outro lado defende em seu discurso de bonomia que o método em questão preza pela segurança do aluno e pela coibição de atos ilícitos.

A segurança é sempre o discurso por detrás das câmeras. Muitas vezes, porém, estas têm outras funções para além daquelas exclusivamente á redução dos medos. É evidente que as câmeras colocadas dentro das classes não tem exatamente a função de garantir a segurança dos alunos quanto a um risco externo, mas são voltadas a disciplinar o comportamento dos estudantes e também dos seus professores (MELGAÇO, 2012).

Vale relatar aqui alguns episódios ocorridos graças a presença de câmeras de vigilância nas dependências da escola, dentre eles: alunos são retirados de sala quando se levantam várias vezes durante a aula; grupo de meninas são conduzidas a secretaria por demorarem muito tempo no vestiário feminino; aluno é advertido a não ficar parado durante as aulas de educação física na quadra; professor aconselhado a restringir movimentos corporais durante a aula de dança por terem conotação sensual.

4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Existe uma inversão racional da necessidade da presença de câmeras de vigilância nos espaços escolares. Acreditamos que tal método atende um processo de reprodução do indivíduo para o mercado. A escola não deve ser reduzida meramente a um espaço de passividade, restrições e punições, mas sim, um terreno de possibilidades, críticas, valores morais e cidadania. O método de panoptismo restringe tais potenciais.

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