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1 INTRODUÇÃO
O presente trabalho é parte integrante de uma dissertação de mestrado acadêmico que tem por objetivo a investigação da cultura escolar, mais precisamente a cultura discente compartilhada nas aulas de Educação Física em uma escola da modalidade de ensino da Educação de Jovens e Adultos (EJA). O mesmo, que está em fase de conclusão, foi realizado tendo como objeto de estudo uma escola de EJA da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, destinada a alunos em vulnerabilidade social. Em se tratando de uma investigação que buscou compreender os aspectos simbólicos compartilhados por uma determinada cultura, buscou-se apoio em Geertz (2008) uma melhor apropriação deste conceito. Este estudo se justifica pelo fato de a Educação Física na EJA ainda carecer de um melhor entendimento da sua função e possibilidades, bem como pelo fato de acreditarmos que a prática educativa (FREIRE, 2015) deva estar de acordo com a cultura escolar específica.
2 METODOLOGIA
Com relação aos procedimentos teórico-metodológicos, o estudo consistiu de um estudo de caso etnográfico (MOLINA, 2004). A opção por este desenho de investigação se deu pelo entendimento de que existem casos em que se faz necessário uma micro investigação (MOLINA, 2004) para buscar a compreensão de aspectos muito específicos de uma determinada realidade. O trabalho de campo foi realizado durante o ano letivo de 2016 (maço a dezembro) e os instrumentos de coleta das informações eleitos para tal foram: observação participante; diários de campo; entrevistas semiestruturadas; análise de documentos.
3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Com o transcorrer do trabalho de campo foi possível perceber que os estudantes da escola campo da investigação, de fato, compartilhavam aspectos simbólicos muito significativos da cultura na qual estavam inseridos. Sendo assim, interpretamos que os discentes da mesma, em muitos casos, compartilhavam do descaso pela disciplina, seja não participando das atividades, seja elegendo o que deveria ou não ser feito em aula. Outro ponto de destaque foi com relação aos conteúdos da disciplina, percebemos através dos discursos dos estudantes, bem como de suas atitudes que o entendimento de Educação Física que tinham estava pautado na noção do que entendemos como “prática pela prática”, onde as atividades pareciam ter um fim em si mesmas. O último aspecto que fazemos destaque e que foi muito marcante durante todo o trabalho de campo foi com relação a atitudes violentas durante as aulas. O que pode ser interpretado a partir da noção de naturalização da violência (BOSSLE, MOLINA NETO, WITTZORECKI, 2013) estando esta tanto relacionada com o ambiente macro quanto com o micro social no qual estes sujeitos estão inseridos.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Entendemos que compreender a cultura discente, ou de forma mais ampla, a cultura escolar no qual se está imerso, é fundamental para a prática educativa (FREIRE, 2015) do professor. Saber o contexto, o ambiente macro social no qual os atores da escola estão inseridos e que agem sobre eles é de extrema relevância para auxiliar na compreensão de eventos que ocorram no cotidiano de determinada escola e que podem não ser representativos em outra. Com relação específica a EJA (podendo ser estendida a outras modalidades de ensino) é de suma importância que o professor leve em consideração as experiências de vida dos estudantes no momento de elaborar e ministrar as aulas.
5 REFERÊNCIAS
BOSSLE, F.; MOLINA NETO, V.; WITTIZORECKI, E. S. Sobre a “vida como ela é”: os professores de Educação Física e as violências na escola pública municipal de Porto Alegre. Movimento. Porto Alegre, v. 19, n. 04, p. 47-67, out/dez, 2013.
FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 51ª edição, Rio de Janeiro, Paz e Terra, 2015.
GEERTZ, C. A Interpretação das Culturas. 1 ed., 13 reimp., Rio de Janeiro, LTC, 2008.
MOLINA, R. M. K. O enfoque teórico metodológico qualitativo e o estudo de caso: uma reflexão introdutória. In: A pesquisa qualitativa na educação física: alternativas metodológicas. Vicente Molina Neto; Augusto Nibaldo Silva Triviños (organizadores). Porto Alegre, 2 ed., Sulina, p. 95-106, 2004.