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EDUCAÇÃO FÍSICA E CONSCIÊNCIA DE CLASSE: A RELAÇÃO E A PARTICIPAÇÃO DO PROFESSORADO NO MOVIMENTO SINDICAL
Guilherme Bardemaker Bernardi, Carlos Alberto Perdomo Fazenda Junior

Última alteração: 2017-06-24

Resumo


PALAVRAS-CHAVE: Professores de Educação Física; Escola; Sindicalismo.

1 INTRODUÇÃO E METODOLOGIA
Este trabalho é parte de um estudo sobre a proletarização do trabalho docente na Educação Física escolar. Neste recorte, buscamos compreender a relação do professorado de Educação Física do ensino básico com o movimento sindical e as entidades representativas de classe. Para tal, foi realizado um estudo de cunho qualitativo em quatro escolas da Rede Municipal de Ensino de Porto Alegre, nas quais fizemos observações participantes e realizamos entrevistas com quatro (4) professoras e dois (2) professores, num total de 6 docentes. Buscamos compreender as formas de participação e a relação destes com o Sindicato dos Municipários de Porto Alegre (SIMPA).

2 CONSCIÊNCIA DE CLASSE E ENVOLVIMENTO SINDICAL
A consciência, é, segundo Iasi ( 2007), um processo. Ou seja, ela não é definida a priori, mas sim, construída ao longo da vida dos sujeitos. É a partir desta relação que podemos pensar no processo de consciência dos trabalhadores em educação, a partir de suas experiências pessoais, que os levam a um determinado grau de consciência que é constantemente transformado a partir de sua experimentação com o mundo concreto no qual está inserido e como ele se apropria dessas relações para determinar as novas formas de consciência, como, neste caso, a consciência de classe.
Fato é que a categoria tem, em grande parte, a consciência coletiva da necessidade de mobilização, enquanto classe trabalhadora, de melhores condições de trabalho. Por outro lado, muitas vezes esta consciência transita entre decepções políticas passadas e críticas às formas como são encaminhadas as decisões sindicais, fazendo com que professores que historicamente se envolviam politicamente, tratem a questão com mais ceticismo e descrença na luta coletiva. De acordo com os relatos, os professores mais antigos da rede são aqueles que viveram o período de redemocratização do país, e por isso, sempre buscaram serem representados, e viam na luta sindical uma forma de melhorar suas condições de trabalho. Hoje, estão menos ativos, não só pelo fato de estarem se aposentando, mas devido ao endurecimento da Secretaria de Educação e dos governos em geral em relação aos movimentos grevistas.
Outro ponto diz respeito a atual forma de organização sindical. O SIMPA congrega os diversos servidores públicos da cidade, de diversas secretarias. Tal situação faz com que parte dos docentes veja neste formato uma dificuldade em lutar por pautas específicas da educação. Isto evidencia um certo “nó” para o sindicalismo como um todo. Apesar de a maior secretaria dentro do sindicato corresponda aos trabalhadores em educação, não significa que se reconheçam enquanto trabalhadores municipários, mas sim, enquanto grupo de docentes, que possui uma certa distinção em relação aos outros grupos de trabalhadores. Um dos possíveis fatores que evidenciam um certo distanciamento da participação sindical seja a retórica do discurso sobre o profissionalismo, como forma de ascensão profissional e distinção do restante do conjunto de trabalhadores, como aponta Contreras (2002). Por mais que, do ponto de vista objetivo os professores componham o grupo de proletários, subjetivamente, sua consciência transita entre aqueles que se reconhecem como tal e os que almejam reconhecimento como categoria profissional.
É notável que, mesmo em meio a essas contradições e dificuldades, seja pela dificuldade de articulação que o cotidiano das escolas impõe para a participação de fato nas ações sindicais, muitos professores ainda veem o sindicato e a participação no movimento ainda como um instrumento de luta contra o processo de proletarização docente.

3 CONSIDERAÇÕES
É tarefa de todos aqueles que se reconhecem como trabalhadores da educação, que possam pensar possibilidades de conscientizar a classe, para que fortaleçam as lutas dos docentes por uma educação pública, gratuita e de qualidade. A relação do professorado com as entidades representativas é bastante heterogênea e complexa, entretanto, carecem de repensar as estratégias de aproximação com o professorado, pois estes, em boa parte dos casos, não se reconhecem nele, criticando muitas das práticas adotadas para organizar a categoria.


4 REFERÊNCIAS
CONTRERAS, José. A autonomia de Professores. São Paulo: Cortez, 2002.
IASI, Mauro. Ensaios sobre consciência e emancipação. Expressão Popular, São Paulo. 2007.

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